Professor do Porto alerta que “situações mais graves” “podem levar à morte”
O respeitado hidrobiólogo da Universidade do Porto, Adriano Bordalo e Sá, alertou para uma nova ameaça decorrente das alterações climáticas/aquecimento da temperatura do mar: o aumento de ‘bactérias patogénicas não fecais’ que, nos piores cenários, podem levar à morte.
Os que correm mais riscos são pessoas que nadam na água que são imunocomprometidasou quem tem cortes ou feridas na pele.
Segundo o professor, “temos que resolver esta situação porque é um risco e as pessoas podem realmente se infectar e não serem diagnosticadas corretamente. E se não for feito o diagnóstico correto, o tratamento também não será, porque não existem tratamentos universais.”
Frisou que a ingestão ocasional de água do mar, “não é necessariamente fonte de contaminação, devido à dose relativamente baixa de bactérias no volume de água ingerido nestas situações”.
Os alertas do professor vêm na sequência de um estudo do ICBAS, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazarsubsidiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), sobre a qualidade das águas balneares da região norte, explica à Lusa.
O estudo, realizado em 2020, revelou que as águas costeiras entre “Aveiro e Viana do Castelo revelaram um aumento de certas bactérias marinhas”.
“Bactérias marinhas potencialmente patogênicas, como vibriõespode ter um comportamento altamente patogênico durante o verão, que é quando as temperaturas da água são mais altas, e não são detetados na análise oficial da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e das administrações regionais de saúde (ARS)becoming a danger to public health,” explains Bordalo e Sá.
Ele acredita autoridades de saúde devem fazer “um diagnóstico imediato a nível nacional” dos níveis de bactérias marinhas “porque o situação verificada nas praias do norte (há três anos) pode agora estar a acontecer ao longo da costaque tem cerca de 900 km de extensão.
“Aqueles que estão no campo e aqueles que desenham políticas de saúde” devem ter um “diálogo urgente” porque o as situações mais graves deste tipo de infeção “podem levar à morte”, referiu.
Sobre as conclusões do estudo do ICBAS, “vemos que é em agosto, no auge da época estival, que encontramos estas bactérias patogénicas em grandes quantidades”.
Estas bactérias podem provocar septicemia, explica Bordalo e Sá, o que “pode levar à amputação de dedos infetados por estas bactérias/ estes vibriões”.
O nome dos vibriões detectados até aqui são vulnificus (que pode causar necrose tecidual e septicemia), parahaemolyticus (gastroenterite aguda) e cólera (gastroenterite aguda).
Bordalo e Sá acrescentou que o baixo nível de salinidade no mar é “muito bom para bactérias emergentes e patogênicasporque gostam de temperatura um pouco mais alta e salinidade um pouco mais baixa”.
Esta mudança, como tantas outras em evidência neste momento, é uma consequência direta das alterações climáticas, concluiu.
Material de origem: LUSA