Docentes: champanhe meio aberto, meio fechado
A vinculação de 7893 professores é o resultado de muitas horas gastas em greves, paralisações, protestos, manifestações, negociações. É um avanço dentro de um enorme atraso, pois isto já poderia ter sido feito ao longo de anos sem um segundo despendido naquelas acções. Todos esses docentes têm sido necessários ao sistema desde há mais de duas décadas. Porque é que só agora são admitidos no sistema? Como se isso não bastasse, está-lhes reservada a parte acre do bolo: no próximo ano terão de concorrer a todo o país. Vislumbra-se mais uma corrida à mobilidade por doença, que está cada vez mais limitada. Daí vem a etapa seguinte: recurso à incapacidade temporária para o trabalho (vulgo atestado médico). Quantos anos de trabalho se desperdiçaram devido a este expediente por não haver um mecanismo de colocações próximas da residência ou com incentivos às afectações em zonas mais carentes?
José M. Carvalho, Chaves
O que se está a passar?
Eu não percebo nada do que está a acontecer em Portugal. Nunca tive tempo de me informar adequadamente sobre economia, política ou jornalismo, e então agora estou perfeitamente baralhada. Dizem-nos que as contas estão certas e que nós é que andamos ansiosos. Eu observo à minha volta, tudo um caos, nos supermercados, o preço dos produtos a crescer exponencialmente, quando há produtos etiquetados com baixa de preços, não compro, porque sei que estão podres ou o estarão muito rapidamente. Na caixa dos mesmos supermercados, é preciso ter atenção porque o valor da caixa pode ser superior ao da prateleira.
Passando aos CTT, por exemplo, se os volumes enviados por CTT Expresso forem relativamente pequenos, as chefias passam-nos para CTT (não Expresso) e coitados dos carteiros lá têm que os distribuir quando podem, às vezes já fora do seu horário. A correspondência chega com semanas, meses, de atraso ou pura e simplesmente não chega. Os transportes, outra calamidade, uma pessoa pode ficar duas horas à espera, desistir e voltar para a sua casa. Aquilo que eu pedia mesmo que me explicassem muito humilde e sinceramente é se tudo isto estará assim pela ganância do lucro dos empresários ou se os senhores empresários também têm o objectivo adicional de fazer o cidadão acreditar que o país está mesmo muito mal? É de mais… não entendo nada.
Maria Aldina Brás, Monte Abraão
É preciso saber ser rico
Há pessoas que têm noção de que para poderem ascender social e economicamente apostam a sua vida na educação e formação e por mérito próprio vêem os seus objectivos serem atingidos. Portugal tem uma série de individualidades que sem nunca negarem as suas origens atingiram altos cargos ou tiveram posição de relevo. São casos como Cavaco Silva, Belmiro de Azevedo, Adriano Moreira e muitos outros. Sem dúvida que, além das suas capacidades, foi com o investimento nos estudos que progrediram. Vemos outros que, tendo vindo de origens humildes, conseguiram atingir níveis económicos muito excepcionais, não tendo qualquer habilitação académica. Alguns conseguiram porque agarraram uma oportunidade que lhes apareceu na vida, mas noutros casos foi por meios pouco honestos que chegaram a lugares de destaque. Mas uma ambição desmesurada acaba por os fazer cair em desgraça, quanto mais não seja com o nome na lama, como diz o nosso povo. Até para ser rico é preciso saber ser.
António Barbosa, Porto
Centro do SEF no aeroporto de Lisboa
Na edição impressa de 24 de Julho li a vossa reportagem sobre o novo Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa (EECIT-L). Desejamos sinceramente que este centro de acolhimento tenha as melhores condições humanas e logísticas para acolher todos aqueles que, por múltiplas e azaradas circunstâncias das suas vidas, ali ficam retidos temporariamente até serem reenviados para o seu ponto de origem. Nestes ou noutros locais, nacionais ou internacionais, onde se entrecruzam “muitas e desvairadas gentes”, citando Fernão Lopes na Crónica de D. João I, de forma a atenuar-se a frieza e falta de conteúdo humano de uma sigla (neste caso, EECIT-L).
Assim sendo, sugiro o nome de Ihor Homeniuk, não só pelas trágicas circunstâncias com ele ocorridas nas anteriores instalações do aeroporto de Lisboa, mas para ficar como comportamental memória futura de quem lá trabalha ou venha a trabalhar.
Henrique de Melo, Lisboa