A Volta a França teve dias teoricamente vazios que tiveram acção inesperada, mas, nesta sexta-feira, quando se esperava diversão, nada aconteceu.
A etapa de alta-montanha não trouxe grande luta entre os favoritos ao triunfo no Tour, com Tadej Pogacar a esperar pelos metros finais da tirada para atacar Jonas Vingegaard – não teve espaço suficiente para ganhar mais do que quatro segundos na estrada e quatro nas bonificações de ter sido o terceiro a cruzar a meta – há, agora, nove segundos a separarem Vingegaard de Pogacar.
A estratégia conservadora tem nexo pelo fim-de-semana que aí vem, com duas etapas muito duras, mas é mais discutível no sentido em que a Emirates controlou a corrida durante todo o dia, esperando-se que esse desgaste tivesse mais efeitos práticos. No fim de contas, o trabalho foi bom (valeu oito segundos), mas não foi perfeito.
Alheio a tudo isto esteve Michal Kwiatkowski, que foi o mais forte entre os fugitivos e venceu pela segunda vez no Tour, depois do triunfo em 2020.
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Nada para os franceses
Nesta sexta-feira o dia era bastante óbvio: muitos quilómetros planos para a fuga poder seguir a sua vida, uma subida de média dificuldade para “aquecer” e uma subida final de dureza brutal para destruir quem não estivesse bem.
No dia da Bastilha, sempre muito apreciado em França, havia apenas três gauleses entre os 19 fugitivos, o que não sugeria altas probabilidades de triunfo local no catorze de julho – Quentin Pacher, Romain Bardet, Valentin Madouas, Thibaut Pinot, Clément Champoussin, Guillaume Martin e David Gaudu foram esvaziando, um por um, as expectativas dos franceses.
O grupo de fugitivos, mesmo tendo quase duas dezenas de ciclistas, não tinha nomes de primeiro nível na competência a subir, mas mesmo assim a Emirates tratou-o como uma ameaça.
Foi inesperado ver a equipa “queimar” ciclistas no controlo de uma fuga inócua, nunca deixando a vantagem subir muito dos dois minutos – provavelmente, a ideia era permitir que Pogacar pudesse não apenas lutar com Vingegaard no corpo a corpo, mas também vencer a etapa.
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Pogacar se aproxima a 9 segundos de Jonas Vingegaard enquanto nos dirigimos para 2 duras etapas de montanha!
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A questão é se valeria a pena perseguir intensamente uma fuga irrelevante – e queimar funcionários – antes de um fim-de-semana com mais duas tiradas muito duras. Talvez a resposta a esta questão tenha acabado por espoletar a marcha-atrás no plano, com o ritmo da Emirates a baixar e a fuga a entrar na subida ao Grand Colombier com cerca de quatro minutos para uma fuga que, nesta fase, tinha Kwiatkowski à frente dos restantes, num esforço a solo.
A diferença para o polaco foi caindo aos poucos e era de mais de dois minutos a cinco quilómetros da meta, o que sugeria que a estratégia da Emirates poderia ter falhado no sentido de Pogacar poder vencer a etapa. Estava de pé, ainda assim, a meta mais relevante, que era a de poder atacar Vingegaard.
A aceleração do esloveno só surgiu, ainda assim, a poucos metros da meta e, por explosiva que tenha sido, e foi, dificilmente seria suficiente para provocar uma quebra grande em Vingegaard. Foram quatro segundos, mas poderiam ter sido mais.
Neste sábado há mais montanha – resta saber se as pequenas fragilidades de Vingegaard vão tornar-se maiores e se o esforço da Emirates deixará Pogacar sem ajuda relevante.