O rapper Kanye West interpretou dois temas na noite de segunda-feira durante o concerto do seu congénere Travis Scott em Roma. Foi a sua primeira actuação desde Fevereiro de 2022 e a primeira aparição pública desde que escreveu comentários anti-semitas nas redes sociais Instagram e Twitter (agora rebaptizada como X) em Outubro último.
Perseguido pela polémica que ele próprio atrai com declarações controversas sobre temas centrais como o racismo ou até relacionados com a sua vida pessoal, West permanece um dos maiores nomes do hip-hop apesar de ter perdido algumas das relações empresariais que lhe permitiram expandir-se para além da música — como a sua colaboração com a Adidas. A aparição no Circo Máximo de Roma no concerto do mais jovem Travis Scott foi a sua primeira saída pública, em termos artísticos, desde que apelou à mobilização de tropas anti-semitas, acusando um outro músico de ser controlado pelo “povo judeu”. Depois disso, elogiou os exércitos de Adolf Hitler no programa de Alex Jones, conhecido radialista extremista, conservador e que já espalhou teorias da conspiração e notícias falsas no passado.
Em Março deste ano, o músico, que escolheu ser conhecido apenas pelo sufixo Ye e que abraçou o cristianismo nos últimos anos, voltou a abordar o tema declarando que renunciou ao anti-semitismo após ver o filme com o actor (judeu) Jonah Hill. “Ninguém deve transformar o ódio que sente por um ou dois indivíduos em ódio por milhões de pessoas inocentes. Nenhum cristão pode ser anti-semita sabendo que Jesus era judeu”, escreveu o músico. O filme foi Agentes Secundários.
Agora, West subiu ao palco para interpretar os temas Louve a Deus e Não pode me dizer nada após um rasgado elogio de Scott: “Não há utopia [o mais recente álbum de Travis Scott] sem Kanye West. Não há Travis Scott sem Kanye West. Não há Roma sem Kanye West”, disse, apelando ao público que aplaudisse a aparição surpresa de Ye.
Em Fevereiro de 2022, quando pela última vez interpretou música ao vivo em frente a público, fê-lo num concerto em nome próprio para o qual convidou outros músicos com a reputação manchada — DaBaby, que há dois anos proferiu declarações homofóbicas, e Marilyn Manson, o balancim de choque acusado por várias mulheres de agressão sexual, manipulação e sequestro.