O tédio, como bem sabemos e como Iggy Pop explicou vezes sem conta ao narrar o nascimento dos Stooges, tem sido ao longo da história um grande catalisador para o nascimento de bandas e cenas rock’n’roll. Tédio, porém, é coisa rara, inexistente nesta era já bem entrada no século XXI em que toda a atenção está capitalizada e todos os momentos mortos são momentos activo-sonâmbulos a ver e a teclar em coisas, a imaginar como seria bom não estar a ver e a teclar em coisas, a tentar desesperadamente mostrarmo-nos vivos enquanto a ansiedade nos cresce nos dentes. Não é tédio, portanto. Apesar de encontrarmos aqui uma canção intitulada, precisamente, Tédionão é tédio aquilo que fez florescer o opinião que rosna antes de chegarem as guitarras rasgadas por distorção e a voz cansada, dobrada pelas que a encorpam, a navegar melodias tão recheadas de frieza blasé quanto de melancolia.
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