O pai de Mahsa Amini foi detido este sábado em casa na cidade de Saqez, para onde as forças policiais mobilizaram um forte dispositivo de segurança, no dia em que se assinala o primeiro aniversário da morte da mulher de 22 anos enquanto estava sob custódia policial que mobilizou um ano de protestos no Irão.
Amjad Amini preparava-se para sair de casa quando agentes dos serviços secretos o detiveram e informaram de que não podia ir visitar a campa da filha, segundo o IranWire. Uma organização de direitos humanos curda, citada pela Reuters, acrescenta que Amjad terá sido proibido de sair de casa e de participar na celebração fúnebre prevista para este sábado. Os pais de Mahsa tinham anunciado a meio da semana que iam organizar uma cerimónia religiosa em memória da filha.
Logo a seguir à detenção, muitos residentes de Saqez puseram-se a caminho da casa da família para expressar a sua solidariedade e também do cemitério onde Mahsa Amini está enterrada, mas as forças de segurança bloquearam estradas e dispersaram grupos de pessoas para impedir o seu avanço. Ainda de acordo com o IranWire, as comportas de uma barragem próxima foram abertas durante a noite, fazendo aumentar o caudal de um rio e impedindo que os manifestantes usem caminhos alternativos.
Nas últimas semanas, segundo os grupos de defesa dos direitos humanos, o regime de Teerão endureceu as medidas contra os suspeitos de terem participado nos protestos e tentou dissuadir novas manifestações e greves. Foi decretada uma paralisação generalizada do comércio no Curdistão iraniano, mas as autoridades dizem que a greve foi um fracasso. “Um conjunto de agentes ligados a grupos contra-revolucionários que tinham planeado lançar o caos e preparar acções mediáticas foi detido às primeiras horas da manhã”, disse um responsável governamental à agência de notícias oficial IRNA.
A morte de Mahsa Amini, a 16 de Setembro do ano passado, depois de alegadamente ter sido espancada pela polícia da moralidade por não estar a usar correctamente o hijabo véu que tapa os cabelos e cujo uso é obrigatório para as mulheres em locais públicos, deu origem a um dos mais expressivos movimentos de revolta contra as autoridades da república islâmica nos últimos anos. Os manifestantes adoptaram como slogans “Mulher, Vida, Liberdade” e “Morte ao ditador”, que voltaram a ouvir-se na madrugada deste sábado em várias cidades, incluindo Teerão.