A existência de eventos climáticos cada vez mais extremos e mais frequentes tem colocado uma pressão acrescida sobre as redes de eletricidade, obrigando a uma melhor gestão, mas também à realização de mais investimentos que, por serem pagos por todos os consumidores, precisam de ser aprovados pelo regulador e pelo Governo. Para debater este tema, a E-Redes – que gere as linhas que levam a eletricidade às casas, lojas ou restaurantes – organizou uma conferência onde estiveram vários Júlia Seixas, pró-reitora com coordenação da área de sustentabilidade e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa; Andrea Staid, do EPRI (uma organização independente de estudos em energia); Pedro Matos Soares, professor da Universidade de Ciências e investigador principal do Instituto Dom Luís (IDL); Luís Manuel Alves, da direção de planeamento da E-Redes; Carlos Del Rio, da direção mudança climática da EDP Espanha; Manuela Seixas Fonseca, da direção de Serviços de Planeamento Energético e Estatística da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG); João Martins, professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; Ferrari Careto, presidente da E-Redes e João Brito Martins, vogal do conselho executivo da E-Redes. Estas são as principais conclusões.

(Da esquerda para a direita) Pedro Matos Soares, do IDL; Luís Manuel Alves, da E-Redes; Carlos del Rio, da EDP Espanha; e Manuela Seixas Fonseca, da DGEG, no debate da conferência

José Fernandes

1. Modernizar a rede

  • Os eventos climáticos que mais afetam as redes de eletricidade são as rajadas de vento mais fortes ou os galgamentos costeiros originados por chuvas mais intensas. Mas também podem ser afectadas por ondas de calor, repara Pedro Matos Soares.
  • As infraestruturas existentes têm mais de 40 anos e, apesar dos investimentos que têm sido feitos, ainda há muitas linhas para modernizar e para adaptar melhor a estes eventos climáticos, cada vez mais frequentes e mais extremos. “Não estamos imunes a ter um apagão e temos mesmo de ter uma modernização dos activos”, avisa Manuela Seixas Fonseca.
  • Esses investimentos – que são feitos pela E-Redes – não são, contudo, fáceis de aprovar porque, ao serem pagos por todos os consumidores, têm de ser aprovados pelo regulador e pelo Governo, depois de análise da DGEG e da REN.

2. Transição energética ajuda

  • Mas como tem havido um maior esforço de eficiência energética por parte dos consumidores domésticos e empresariais, há uma redução do consumo e por isso a E-Redes tem “uma folga” que pode aplicar nessa tão necessária modernização das redes, diz Luís Manuel Alves.
  • Esta “folga” é, aliás, um dos efeitos positivos da transição energética em curso que assenta num aumento da eletrificação, mas com consumos mais eficientes e mais bem geridos.
  • Por isso é que Manuela Seixas Fonseca diz que “as redes são fundamentais” e que “sem elas não há transição energética e não há neutralidade carbónica”.

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