A guerra de Israel contra Gaza começou há quase seis meses: desde então, vários processos judiciais têm exigido a integração nas forças armadas dos judeus ultra-ortodoxos (haredi) comunidade ultra-ortodoxa, que desde a fundação do estado judaico em 1948 estão isentos do serviço militar se dedicarem a vida ao estudo da Torah (livro sagrado do judaísmo).

O tema divide o próprio governo de direita radical, e o Supremo Tribunal tinha dado ao executivo até quarta-feira para apresentar uma solução legislativa. Esta quinta-feira, o Netanyahu pediu aos juízes mais 30 dias para entregar o trabalho.

“A questão da igualdade de deveres é de importância vital para a sociedade israelita”, lê-se num comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, que justifica o pedido de adiamento com os “esforços de guerra”. “É necessário um pouco mais de tempo para chegar a um acordo”, acrescentam.

Mahmoud Khaled

Guerra Israel-Hamas

Na ausência de uma lei que autorize o adiamento do recrutamento, “a partir de 01 de abril” não será possível que “estudantes das escolas talmúdicas continuem a evitar os procedimentos” de cumprimento do serviço militar, afirmou hoje Gali Baharav-Miara, Procurador-Geral de Israel, uma função semelhante a conselheiro e representante jurídico do governo.

Segundo uma sondagem recente, 70% da população judaica do país considera que os judeus ultraortodoxos devem contribuir para a segurança do país e cumprir o serviço militar, tal como todos os outros. Contudo, os partidos ultra-ortodoxos que fazem parte da coligação de governo rejeitam a mudança – e se ambos abandonarem o acordo com Netanyahu, perde-se a maioria e o executivo pode cair.

Por outro lado, um membro do gabinete de guerra garantiu hoje que se demite se a isenção continuar.

Cerco a hospital Al-Shifa continua a somar vítimas

Na guerra, israel garante ter assassinado um alto comandante do Hamas em Al-Shifa, em tempos o mais avançado hospital de Gaza e hoje um dos principais campos de batalha entre os dois lados.

O militante morto seria responsável pelos recursos humanos e abastecimento do Hamas, segundo fonte militar israelita. Outros três combatentes terão sido mortos na maternidade do hospital, garante Telavive. Um túnel do Hamas terá sido destruído.

O cerco ao hospital de Gaza dura há vários dias, e no domingo o exército israelita anunciou a detenção de 480 pessoas que garantem pertencer ao Hamas. Por outro lado, as tropas de Israel são acusadas de terem matado 18 doentes de forma deliberada.

Na Cisjordânia, 18 palestinianos foram presos após um tiroteio que feriu três pessoas esta manhã. As autoridades garantem estar à procura de um “terrorista”, sem adiantar um nome.

Em Rafah, onde a violência já é diária apesar da prometida ofensiva militar ainda não ter começado, as forças de Israel mataram pelo menos 12 pessoas com um bombardeamento a uma habitação.

EPA/HAITHAM IMAD

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Outras notícias

> O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ordenou a Israel a abertura de mais passagens terrestres para permitir a entrada de bens essenciais em Gaza, “sem entraves” e “em plena cooperação” com a ONU. A decisão foi decretada no âmbito de um processo apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de atos de genocídio. A Irlanda quer juntar-se a este processo contra Telavive.

> Os Estados Unidos e Israel retomaram negociações para que autoridades israelitas visitem Washington e discutam possíveis operações militares em Gaza, após Netanyahu ter cancelado uma viagem depois de ser criticado pela Casa Branca. Não foi anunciada uma data, mas o encontro deverá pesar na decisão – ou na forma – de invadir Rafah, no sul de Gaza.

> Milhares de pessoas estão a manifestar-se em Amman, capital da Jordânia, em solidariedade com os habitantes de Gaza. Pelo menos 200 pessoas já foram detidas.

Joe Biden e Benjamin Netanyahu em Tel Aviv

Anadolu/Getty Images

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