A utilização da ar frigideira é cada vez mais popular: é uma fritadeira de ar quente que funciona como um pequeno forno e que permite cozinhar vários alimentos, de forma mais saudável e em menos tempo. Mas será sempre preferível usar este aparelho para cozinhar em relação ao forno tradicional? O Azul falou com várias especialistas e a resposta não se resume a “sim” ou “não”.
Vamos por partes. Um dos pontos a favor da fritadeira de ar é que os cozinhados ficam mais saudáveis, uma vez que não é necessário adicionar gordura (ou apenas em muito pouca quantidade) para cozinhar os alimentos. É uma opção mais saudável do que as fritadeiras comuns que aquecem azeite e óleo a altas temperaturas.
Estes aparelhos levam menos tempo para cozinhar em comparação com os fornos convencionais, uma vez que têm menos volume de ar a aquecer e, por isso, consomem menos energia. Além disso, podem ser a melhor opção quando o objectivo é cozinhar uma pequena refeição que envolveria o uso do forno. A fritadeira de ar é também mais prática para usar e limpar do que o forno, pela sua dimensão e configuração.
Apesar de todas estas vantagens, pode não ser a escolha mais indicada quando é necessário preparar uma refeição para um grande número de pessoas, uma vez que não será possível acomodar doses suficientes para cozinhar ao mesmo tempo.
Neste caso, a solução preferível será o forno, tanto a nível prático como económico. Segundo dados fornecidos pela DECO PROteste, uma quantidade de 500 gramas de frango pode demorar a cozinhar 22 minutos numa fritadeira de ar e 32 minutos num forno eléctrico. Enquanto na fritadeira de ar o gasto de energia corresponde a 0.330 quilowatt-hora (kWh), num forno é de 0.773 kWh.
Para 320g de batatas fritas, o que corresponde entre duas a três porções, são necessários 23 minutos na airfryer e 33 no caso do forno. Quanto a energia, a fritadeira de ar gasta 0.287 kWh e o forno consome 0.863 kWh. O preço a pagar também varia, sendo que no equipamento de ar comprimido gasta 5,74 cêntimos e no forno eléctrico 17,26.
PFAS
Já Susana Fonseca, vice-presidente da associação ambientalista Zeromanifesta uma preocupação relativa aos materiais que compõem a fritadeira de ar e que podem entrar em contacto com os alimentos preparados, para além do consumo eléctrico.
“Alguns destes equipamentos são antiaderentes no seu interior e, normalmente, essa antiaderência é dada pela utilização pela utilização dos PFAS que, muito embora representem um risco quando há uma degradação da superfície que está em contacto com os alimentos. Quer todo o processo de fabrico quer o fim de vida implicam que temos um equipamento com uma substância perigosa”, afirma.
Além disso, a vice-presidente da Zero explica que, como a fritadeira de ar é um instrumento de menor dimensão e pode haver uma utilização regular, haverá sempre degradação do material, o que pode tornar-se prejudicial para os alimentos. No entanto, recorda que existem alternativas de cerâmica e aço inoxidável. Aí, esse problema já não existe.
Fritadeira: poupar só com uso eficaz
A vice-presidente da associação ambientalista Zero explica que a fritadeira de ar pode ser mais eficiente “se estivermos a usar um destes equipamentos que seja o suficiente para o número de pessoas que queremos alimentar”. “Para agregados familiares de maior dimensão pode já não ser tão eficiente, porque como tem de cozinhar mais do que uma vez os ganhos já podem ser mais dúbios”, considera Susana Fonseca. Se for preciso usar uma fritadeira de ar duas ou três vezes para o cozinhado, o ganho poderá ser menor.
Os testes da DECO “mostram que as fritadeiras de ar permitem realmente economizar dinheiro, mas somente se forem usadas eficazmente, considerando a capacidade de preparação e o número de pessoas para quem irá cozinhar”, explica Elsa Agante, especialista da área de sustentabilidade e energia da DECO PROteste, numa resposta enviada por e-mail ao PÚBLICO.
Como fritadeiras de ar variam de tamanho e é importante escolher uma de acordo com o que se pretende lá preparar. Por exemplo, “o tempo de confecção para preparar batata frita oscila entre 15 a 40 minutos, consoante os modelos e dependendo da capacidade do cesto. Há fritadeiras de ar que, em 25 minutos, fritam 500g de batatas e outras, no mesmo período, conseguem fritar 1100g”, esclarece Elsa Agante.
A especialista em energia afirma que, “em geral, as pequenas famílias que cozinham doses únicas serão as mais beneficiadas [pela air fryer]. Tem ganhos evidentes à alternativa de usar o forno tradicional para preparar uma refeição para dois”.
Mesmo assim, Elsa Agante salvaguarda que “se estiver a cozinhar para várias pessoas ou quiser preparar alguns alimentos diferentes ao mesmo tempo, o forno tradicional tem mais espaço e pode sair mais barato do que cozinhar em várias etapas na fritadeira de ar”.