Até 25 de Abril de 2024, a BLITZ publica uma lista de 50 canções que abriram caminho à liberdade conquistada há 50 anos. São canções que, durante o Estado Novo, prenunciaram a mudança ocorrida a 25 de Abril de 1974, e deram forma a uma revolução cultural que em muito antecedeu a revolução política que pôs termo à ditadura. Os textos são da autoria de Luís Freitas Branco, autor de “A Revolução Antes da Revolução” (Zigurate, 2024), a publicar este mês, livro que documenta o modo como a música popular portuguesa abriu as portas para o clima cultural, social e político que desencadeou o 25 de Abril de 1974. Todos os dias, esta lista ‘receberá’ uma nova canção.

33. ‘Canção Tão Simples’, de Adriano Correia de Oliveira (1971)

No final de 1971, Adriano Correia de Oliveira revelou enfim, após uma década a lançar cantigas avulsas, gravadas a meia bola e força, um álbum acautelado dos pés à cabeça, dos arranjos ao grafismo: “Gente de Aqui e de Agora”. As canções foram compostas pelo alferes-miliciano José Niza, colocado no norte de Angola, que recebeu os poemas de Manuel Alegre pelo correio e musicou-os ao longo da noite, entre eles, esta ‘Canção Tão Simples’, uma provocação à censura: “Quem poderá proibir estas letras de chuva/ que gota a gota escrevem nas vidraças/ pátria viúva/ a dor que passa?” A censura não só podia, como proibiu: no ano seguinte é imposto, pela primeira vez, a censura prévia aos discos, e Adriano Correia de Oliveira só voltou a gravar após o 25 de Abril.

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