Rui Rocha acusa o Governo de “imprudência” por ter escolhido a ex-deputada do PSD Patrícia Dantas como adjunta do ministro das Finanças quando era do conhecimento público que estava acusada de fraude na obtenção de fundos europeus. E critica ainda Joaquim Miranda Sarmento por não marcar presença na quarta-feira no Parlamento no debate de urgência pedido pelo PS sobre a descida do IRS, uma “trapalhada” segundo o presidente da Iniciativa Liberal (IL).

Votação do Programa do Governo na Assembleia da República Na foto Pedro Duarte e Luís Montenegro

Antonio Pedro Ferreira

“A pessoa em causa era deputada, sabe-se que tem a questão judicial já há alguns anos e é algo surpreendente que este Governo da AD não tome as precauções necessárias para não se ver envolvido já no início deste tipo de questões”, disse Rui Rocha em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à Sagal Expo – Feira de Exportação dos Sabores de Portugal, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Para o líder liberal, o Executivo de Luís Montenegro demonstra de novo alguma “imprudência”, apelando à prevenção deste tipo de comportamentos no futuro com vista a evitar casos semelhantes aos do anterior Governo socialista. “Como é que sendo conhecidas as questões judiciais não foi feita uma triagem prévia. Ou sabiam, e creio que sabiam, porque caso é público, e desvalorizaram. O que faz pouco sentido, para depois voltarem atrás neste momento quando a notícia é pública [no “Correio da Manhã”]”, insistiu, embora sublinhando o princípio de inocência da ex-deputada.

Rocha lamentou ainda a ausência do ministro das Finanças na AR – que será substituído pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte – no debate de urgência pedido pelo PS sobre a descida do IRS, considerando que Miranda Sarmento deveria ser o principal interessado no esclarecimento “definitivo” da polémica. O governante estará em Washington, nos EUA, para participar numa reunião do FMI.

crítico claro [a ausência]porque seria uma excelente oportunidade para esclarecer o que falta esclarecer. Diria mesmo que falta esclarecer muita coisa e penso que o ministro das Finanças deveria ter mesmo muita vontade de ter esta oportunidade para prestar os esclarecimentos no sítio certo, o Parlamento ”, notou.

Afirmando que o Governo tem reiterado que não quis mentir aos portugueses relativamente à descida do IRS, Rocha até aceita esse argumento, podendo estar em causa uma questão de “semântica”, mas critica a falta de explicações até agora. “Uma coisa é certa, não quis esclarecer. Tive a oportunidade de perguntar ao PM sobre a amplitude da descida do IRS, o deputado Bernardo Blanco teve também essa oportunidade e nem o PM, nem o ministro das Finanças quiseram esclarecer. Seria útil que o ministro das Finanças quisesse definitivamente esclarecer de quanto é que estamos realmente a falar, quais são os instrumentos da descida, quais são os calendários”, reforçou.

E insistiu que a IL tem alertado desde agosto para a “insuficiência” e “pouca ambição” da proposta eleitoral da AD e agora do programa do Governo a nível fiscal, uma vez que a revisão do valor dos escalões poderia oscilar em alguns casos entre 5 a 10 euros. “Tal como falo numa trapalhada relativamente à adjunta do ministro das Finanças esta é mais uma enorme trapalhada em que este Governo da AD”, conclui.

Perante a polémica, o primeiro-ministro garantiu apenas na segunda-feira, em Madrid, que o Executivo “está empenhado em cumprir o que prometeu” na campanha relativamente à descida do IRS.

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