Estão dadas “as boas-vindas” a Luís Montenegro. O presidente do Conselho Europeu foi esperá-lo à entrada para lhe dizer o que a UE espera do novo Governo português. “Contamos com Portugal e consigo para ter um papel importante e construtivo”, disse Charles Michel perante os jornalistas. Os dois nunca se tinham cruzado antes. Não são da mesma família política – o belga é liberal – e o encontro ao início da tarde marcou a primeira troca de pontos de vista.

Em Bruxelas não se esperam grandes mudanças na postura de Portugal face à UE. Em março, António Costa despediu-se das cimeiras a garantir que não haverá mudança da política europeia”. Agora, a primeira declaração de Luís Montenegro é para reiterar que a mudança de Governo em Portugal não muda o no empenho na UE. “O compromisso de Portugal com o projeto europeu é fortíssimo”. Fala também do “empenho com o reforço da competitividade na Europa”, que será o assunto em cima da mesa dos líderes esta quinta-feira. Diz que quer “ter uma Europa forte no mundo e um Portugal forte na Europa”.

Mas a segunda parte deste objetivo, para já, só se aplica às questões económicas. O primeiro-ministro considera prematuro falar de qualquer reforço do número de portugueses no Conselho Europeu, afastando-se do que disse esta esta quarta-feira o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa considera que “é mais provável agora” que Costa chegue à presidência das reuniões de Chefes de Estado e de Governo, depois de conhecida a decisão do Tribunal da Relação sobre a Operação Influencer.

“Esse assunto não está nem na agenda do Conselho [Europeu]nem na minha agenda para o dia de hoje. Não irei fazer nenhum comentário nem a essa decisão, nem a esse comentário do Presidente da República”, respondeu aos jornalistas. Luís Montenegro mantém o suspense sobre o apoio a uma eventual candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu. E repete que só pensará nisso depois de 9 de junho. “Não está na agenda do primeiro-ministro, nem estará até à realização da eleições europeias”.

O nome do ex-primeiro-ministro continua a ser falado como possível candidato ao cargo e ainda esta semana, em Madrid, o chefe do Governo espanhol deu gás às especulações. Mas as negociações só começarão a sério depois de conhecidos os resultados das eleições europeias e o peso das famílias políticas no Parlamento Europeu.

A negociação dos cargos dos cargos de topo, que inclui ainda a presidência da Comissão Europeia e o alto representante da UE para a Política Externa, depende também de outras variáveis, como o equilíbrio de género e geográfico. No caso de Costa, o facto de estar a ser investigado dificulta a nomeação. A Relação veio agora dizer que não há indícios de influência de Lacerda sobre o melhor amigo e ex-primeiro-ministro, mas a investigação no DCIAP ainda continua.

Na agenda do Conselho Europeu desta semana estão, sim, o apoio à Ucrânia e a condenação ao ataque do Irão a Israel. Luís Montenegro reitera o apoio português a Kiev e mostra-se favorável a mais sanções contra Teerão, mas sem esquecer o objetivo de “não criar mais violência”.

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