A presidente da Comissão Europeia foi interrompida por manifestantes pró-Palestina durante uma conferência em Bruxelas, que acusaram Ursula von der Leyen de “ajudar no genocídio em Gaza”.

Momentos antes, a presidente da Comissão tinha sublinhado a importância de a Europa “acordar no que diz respeito à defesa e à segurança”. “Porque o que está em jogo é imenso”, acrescentou, perante uma plateia de industriais e especialistas do sector.

“O sangue das crianças palestinianas está nas suas mãos”, gritou um manifestante, que também apelidou von der Leyen de “criminosa” e proclamou “Libertem a Palestina”, antes de ser retirado da sala, segundo a agência noticiosa EFE.

Após o incidente, e para defender a importância de uma defesa europeia, a presidente da Comissão afirmou que a “ameaça de guerra pode não ser iminente, mas não é impossível”. Além disso, recordou o ataque do Irão a Israel, “a mais recente declaração de intenções da nova coligação de regimes autoritários”, que se estende do Irão à Rússia.

Também esta quarta-feira, pelo menos uma manifestante pró-palestiniana foi retirada à força de uma audição no congresso dos EUA a Lloyd Austin, secretário de Estado da Defesa norte-americana. A mulher fazia parte do “Code Pink”, um grupo de ativistas anti-guerra que nos últimos meses tem denunciado a posição ambígua de Washington sobre a crise humanitária.

Algo semelhante aconteceu em Portugal: pouco antes de Marcelo Rebelo de Sousa iniciar um discurso na cerimónia de homenagem à Crise Académica de 1969, alguns estudantes envergaram uma tarja com as cores da bandeira da Palestina. “Pedimos a palavra porque o silêncio é ensurdecedor”, lia-se.

Depois de os pedidos serem ignorados pela dirigente da Associação Académica que fazia as notas introdutórias de cada um dos oradores, o Presidente da República chamou os alunos. “Aproximem-se os que querem falar. Venham, venham”, pediu.

Joana Coelho, estudante de biologia, tomou a palavra e chamou a atenção para “um assunto que toda a gente está a ignorar”, realçando que já morreram “mais de 30 mil pessoas” na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. “Temos de falar sobre isto. Está a acontecer um genocídio. Os nossos colegas têm as universidades bombardeadas. Nós temos de falar sobre isso”, vincou.

A estudante defendeu ainda “o reconhecimento do Estado da Palestina independente” e um cessar-fogo “imediato e permanente”. No início do seu discurso, Marcelo recordou que Portugal sempre defendeu o direito da Palestina “a um Estado independente”.

Os EUA poderão usar o seu poder de veto

Imprensa do Pacífico

Guerra no Médio Oriente

Catar ameaça abandonar papel de mediador

O Catar está a reavaliar a continuidade no grupo de países mediadores do conflito entre Israel e o Hamas, assumiu esta quarta-feira o primeiro-ministro do país que desde o início da guerra tem estado envolvido nas negociações por um cessar-fogo.

“Estamos a realizar uma reavaliação global do nosso papel”, afirmou o xeque Mohammed bin Abdelrahman Al-Thani, numa conferência de imprensa na capital Doha, onde estão representados países como os EUA ou o Egipto.

A posição do Catar surge poucas horas depois de Steny Hoyer, congressista norte-americano pelo partido Democrata, ter sugerido que os EUA deveriam rever a sua relação com Doha caso o país do Golfo não deixe claro ao Hamas que “haverá repercussões se continuar a bloquear o progresso no sentido da libertação dos reféns e do estabelecimento de um cessar-fogo temporário”.

Estas declarações são “um ataque ao papel do Qatar” nos últimos meses, sublinhou o xeque Al-Thani, prometendo uma decisão definitiva “no momento apropriado”. Antes das declarações do chefe de governo, a embaixada do Qatar em Washington afirmou que “culpar e ameaçar o mediador não é construtivo”, atribuindo a Israel e ao Hamas a responsabilidade pelo impasse nas negociações.

“O que nos dizem à porta fechada muda em público”, criticou o governante do Qatar, que reiterou o “objetivo humano” de alcançar a trégua e criticou “o uso indevido da mediação para objetivos políticos” numa altura de tanta tensão na região.

Teerão

Kaveh Kazemi

Guerra no Médio Oriente

Outras notícias

> À margem do encontro no Catar, o governo da Turquia acusou Benjamin Netanyahu de tentar arrastar o Médio Oriente para uma guerra “com o objetivo de se manter no poder”, segundo afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Ancara, Hakan Fidan. O presidente turco, Recep Erdogan, vai encontrar-se com o líder do Hamas este fim-de-semana.

> O Presidente do Egito e o rei do Bahrein defenderam hoje uma solução de dois Estados para acabar com a guerra na Faixa de Gaza, e o reconhecimento internacional da Palestina, bem como a sua inclusão como parceiro na ONU. “Discuti possíveis soluções com o rei do Bahrein. Concordámos em intensificar e encorajar o desanuviamento e em optar por soluções diplomáticas em vez de militares, para abrir um caminho alternativo com esperança de desenvolvimento e bem-estar”, afirmou o Presidente egípcio na sua intervenção.

Imagens de Sean Gallup/Getty

Guerra no Médio Oriente

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