Para Roushan Kumar, um vendedor de flores num mercado do estado de Bengala Ocidental, no Leste da Índia, mais emprego e uma melhor educação são a prioridade. Aos 20 anos, diz que vai votar pela primeira e quer escolher um Governo que lhe ofereça exactamente isso.

As eleições na Índia, que começam na sexta-feira, 19 de Abril, são o maior acto eleitoral do mundo com mais de 18 milhões de pessoas a votar pela primeira vez. Apesar de as sondagens preverem que será o partido BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi, a vencer um terceiro mandato, novos eleitores como Roushan estão determinados a fazerem-se ouvir.

“Vou votar num partido que trabalhe para o desenvolvimento da educação. Vou votar num partido que proporcione empregos para que haja trabalho”, confessou o jovem à Reuters, acrescentando que apoia Narendra Modi.

As prioridades de Roushan coincidem com as de muitas outras pessoas da mesma idade. Segundo um inquérito realizado a 1290 eleitores que votaram pela primeira vez, em Nova Deli, o aumento das tensões entre grupos religiosos, a inflação e a falta de emprego foram as principais preocupações que sobressaíram do Governo de Modi ao longo dos últimos dez anos.

Ainda assim, destaca o inquérito do centro de investigação asiático CSDS-Lokniti, quase dois terços da amostra declarou que votaria no Partido Bharatiya Janata de Modi (BJP) pelo forte historial de crescimento económico do Governo e pelo sentimento de orgulho pela construção de um grande templo hindu.

No entanto, e apesar de um crescimento mundialmente impressionante, a economia indiana tem dificuldade em criar postos de trabalho suficientes para a população. E segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho e do Instituto para o Desenvolvimento Humano (ILO, na sigla original), os jovens representam a maior parte da mão-de-obra desempregada do país.

Akansha Majumdar, que tem 20 anos e estuda engenharia, acredita que o Governo do país precisa de erradicar o analfabetismo e garantir emprego.

“Espero que o ensino básico seja para todos. Há mais bairros de lata nas cidades do que nas aldeias. As crianças com sete ou oito anos são obrigadas a abandonar as escolas e uma educação para encontrar trabalho, para se alimentarem e às famílias. O nosso Governo tem de ajudar a proporcionar educação básica a todos. Ninguém deve ser analfabeto para o resto da vida”, acrescentou.

Para aproveitar o desânimo, o Congresso Nacional Indiano, principal partido da oposição, prometeu estágios remunerados [aos mais novos]. Ao mesmo tempo, o programa eleitoral do partido de Modi foca-se na criação de emprego.

Ainda assim, a garantia de trabalho não é a única preocupação actual dos jovens: o aumento dos preços e a harmonia entre diferentes povos religiosos é outra prioridade para muitos eleitores.

Mohammad Ajaz Ansari, por exemplo, que trabalha em reparações de computadores portáteis, relembra que os combates em “nome da religião” estão em todo o lado e defende que não deveriam acontecer. Por pensar assim, o jovem de 19 anos, que vive em Deli, diz que vai votar no Partido Aam Aadmi, um aliado do partido Congresso.

“Temos muitos desempregados. Muitas pessoas na zona onde vivo estão sempre a pedir trabalho, mas não conseguem encontrar nada. Trabalham para empresas privadas por uma magra quantia de 10 mil a 12 mil rupias por mês (112 a 168 euros), o que não é suficiente para uma família sobreviver.”

Nos relatórios publicados no ano passado, o Departamento de Estado dos EUA manifestou preocupação com o tratamento dado aos muçulmanos e a outras minorias religiosas na Índia, mas Modi, actual primeiro-ministro do país, nega discriminações.



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