As autoridades de Gaza anunciaram esta quinta-feira a descoberta de outra vala comum no enclave: mais de 30 corpos foram encontrados junto ao hospital Al Shifa, dizimado nas últimas semanas por ataques israelitas.

Segundo o gabinete de comunicação do Hamas, as equipas de emergência conseguiram recuperar 30 pessoas que foram enterradas em dois cemitérios próximos do hospital – mas apenas 12 corpos foram identificados até agora.

O “paradeiro de cerca de mil pessoas”, incluindo pessoal médico e jornalistas, “ainda é desconhecido” e “os seus corpos foram escondidos noutro local” durante a ofensiva israelita, garantem as autoridades palestinianas, denunciando “o crime hediondo e desprezível cometido pelo exército de ocupação ao saquear o maior complexo médico da Palestina e destruí-lo completamente”.

Palestinianos caminham entre edifícios danificados junto ao hospital

Anadolu

O chefe do gabinete de comunicação social do Governo em Gaza sublinhou o “massacre mais horrendo conhecido na história contra um complexo médico”, exortando o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar o massacre cometido pelo exército israelita “a todos os níveis”.

No início desta semana, o Hamas já tinha denunciado a descoberta de valas comuns com “centenas” de cadáveres no hospital. O grupo denunciou as “cenas horríveis” que se seguiram à descoberta de cadáveres em decomposição, uma “atrocidade” que atribui ao “fascismo abominável sionista”.

Israel “continua as suas violações do direito internacional e a sua guerra de extermínio em grande escala”, acusou o Hamas.

Imagem captada pela AP. Navio MSC Aries com bandeira portuguesa

Guerra no Médio Oriente

Rússia pede reconhecimento da Palestina, China deixa aviso a Israel

O Conselho de Segurança vai votar esta quinta-feira um projeto de resolução da autoria da Argélia que recomenda a admissão do Estado da Palestina como membro pleno da ONU – mas a proposta deverá ser chumbada pelos Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do Conselho com poder de veto, tal como já aconteceu noutras ocasiões.

Mesmo assim, o enviado da Autoridade Palestiniana à ONU defendeu que a Palestina apenas pede uma resolução semelhante àquela que permitiu a adesão de Israel às Nações Unidas. “Como foi reconhecido o Estado de Israel? Através de uma resolução da ONU, número 181.º”, lembrou Ziad Abu Amr, dirigindo-se a Washington e a alguns países da UE que querem incluir Israel nas negociações pelo reconhecimento do enclave.

Além disso, Abu Amr sublinhou que o seu país tem “desempenhado um papel positivo e construtivo” nos últimos 12 anos enquanto “estado observador” na ONU. “É hora de o Conselho de Segurança assumir a sua responsabilidade histórica e fazer justiça ao povo palestiniano”, pediu.

Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros da China

Piscina

Guerra no Médio Oriente

Num debate de nível ministerial do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação no Médio Oriente, António Guterres voltou a defender uma solução de dois Estados: o português quer “Israel e a Palestina a viver lado a lado em paz e segurança”, com base no direito internacional e em acordos já alcançados nas Nações Unidas.

Para já, acrescentou o secretário-geral da ONU, o “fim da ocupação” por parte das forças israelitas é essencial – assim como o fim do bloqueio à entrada de ajuda humanitária e outros bens essenciais no território.

Durante a reunião, o representante da China aconselhou Israel a abandonar quaisquer planos para atacar Rafah, cidade no sul de Gaza onde estão milhões de deslocados. Por outro lado, a Rússia defendeu a entrada da Palestina na ONU como membro de pleno direito.

Além de EUA, Rússia e China, os outros países que compõem o Conselho de Segurança são o Reino Unido e a França.

Outras notícias

> Durante uma operação ao longo desta semana, o exército israelita matou cerca de 40 “terroristas” e destruiu mais de 100 tipos de infraestruturas no centro de Gaza, incluindo uma rede de túneis. Netanyahu pediu aos israelitas para permanecerem “unidos” contra a “ameaça existencial” do Hamas.

> O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano garantiu hoje que Israel vai arrepender-se se atacar o país. “As ações de legítima defesa e contramedidas do Irão terminaram, pelo que o regime terrorista israelita deve pôr termo a qualquer novo aventureirismo militar contra os nossos interesses”, declarou Hossein Amir-Abdollahian numa reunião sobre a situação no Médio Oriente, no Conselho de Segurança da ONU.

> Os Huthis do Iémen atacaram quase 100 navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden desde o início da guerra, afirmou hoje o líder dos rebeldes. Os ataques tiveram um “grande efeito e foram um sucesso”, afirmou o líder do grupo rebelde, dizendo aos Estados Unidos e ao Reino Unido: “Ninguém nos pode impedir de levar a cabo as nossas operações de apoio aos palestinianos em Gaza”.

Fuente