O Ministério Público abriu investigação após avaliar o relatório da comissão independente, constituída para investigar as suspeitas de assédio no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) que envolviam Boaventura Sousa Santos e o seu assistente Bruno Sena Martins e que concluiu que houve “padrões de conduta de abuso de poder e assédio”. Ao Expresso, o MP confirmou a abertura do inquérito após analise deste documento de uma carta enviada pelo coletivo de vítimas.

“Sobre a matéria, o Ministério Público recebeu o relatório da comissão independente do CES e uma carta do coletivo de vítimas. Estes dois documentos, após análise, deram origem a um inquérito que se encontra em investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra”, refere o MP numa curta nota após ter sido questionado.

Quase há um mês, o relatório chegou ao MP, no entanto, a abertura de investigação não foi imediata devido à necessidade de avaliar os crimes em causa. “Como se trata de um crime semipúblico, obriga a uma queixa por parte das vítimas”, explicou na altura fonte judicial. Só depois o MP pode abrir uma investigação.

Há um ano surgiram as suspeitas de má conduta sexual e assédio laboral, após a publicação de um texto assinado por três investigadoras de pós-doutoramento e estudantes de doutoramento cujo único ponto em comum no currículo era o CES. Foi evidente que o principal acusado era Boaventura Sousa Santos, e o próprio admitiu que o texto era sobre si. Agora, a comissão independente concluiu que houve “padrões de conduta de abuso de poder e assédio”. Nas 114 páginas, os nomes de Boaventura ou do assistente nunca são referidos.

“Da análise de toda a informação reunida, bem como das versões entre as pessoas denunciantes e pessoas denunciadas, que foram compatíveis entre si, indiciam padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES”, pode ler-se nas conclusões.

Artigo Exclusivo para subscritores

Subscreva já por apenas 1,73€ por semana.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Fuente