O grupo xiita libanês Hezbollah anunciou hoje que alvejou um quartel-general militar no norte de Israel com dezenas de foguetes Katyusha, em resposta a ataques israelitas contra aldeias no sul do Líbano. Em comunicado, o Hezbollah assumiu a responsabilidade pelo ataque ao quartel-general de comando da 3.ª Brigada de Infantaria da 91.ª Divisão na base de Ain Zeitim.

O movimento libanês, aliado do Irão, alegou que os bombardeamentos ocorreram “em resposta aos ataques do inimigo israelita a aldeias e casas de civis no sul, sendo os mais recentes em Srifa, al-Adissa e Rab el-Thalatine”.

O Exército israelita, por sua vez, indicou que foram identificados cerca de 35 disparos provenientes do Líbano em direção à região de Ein Zeitim, no norte de Israel.

A fronteira entre o Líbano e Israel tem sido palco de trocas de disparos quase diárias desde o início da guerra entre as forças israelitas e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, há mais de seis meses.

PILIPEU ROMANO

União Europeia

Durante cerca de uma semana, o movimento xiita, aliado do Hamas, intensificou os seus ataques contra instalações militares israelitas num contexto de tensões entre Telavive e Teerão.

Ao mesmo tempo, o Governo iraniano reiterou hoje que “não há lugar para armas nucleares” na “doutrina militar” de Teerão, dias depois de um comandante dos Guardas da Revolução ter afirmado que o Irão pode rever políticas de defesa.

“A doutrina nuclear do Irão é muito clara e consideramos que a utilização pacífica da energia nuclear é um direito inalienável. Basicamente, as armas nucleares não têm lugar na doutrina militar e de defesa do Irão. Esta questão foi referida em muitas ocasiões”, disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani.

As declarações de Kanani ocorrem quatro dias depois de Ahmad Haghtalab, comandante da Guarda Revolucionária responsável pela segurança nuclear, ter afirmado que “se o falso regime sionista (Israel) ameaçar atacar as instalações nucleares (do Irão) como instrumento de pressão, é possível e concebível rever a doutrina e as políticas nucleares” do país.

O porta-voz da diplomacia do Irão acrescentou hoje que Teerão “tomou todas as medidas políticas, jurídicas e internacionais para garantir que o agressor seja punido”, após o bombardeamento por Israel do consulado iraniano em Damasco, capital da Síria, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

Centenas de mortos encontrados junto a hospitais em Gaza

Nos últimos três dias, as autoridades de Gaza recuperaram cerca de 200 cadáveres de pessoas enterradas pelas forças israelitas em valas comuns junto ao Hospital de Al Shifa, que durante semanas foi cercado pelas tropas de Telavive.

“As nossas equipas continuam a encontrar corpos dentro do Complexo Médico Nasser e desde sábado que os corpos de cerca de 200 mártires foram exumados”, disse Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, controlada pelo Hamas. Além disso, 283 mortos foram retirados das imediações do hospital Nasser, em Khan Younis.

Anadolu

Internacional

Israel afirma que estas unidades de saúde são usadas como centros de operações militares do Hamas. Esta segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano afirmou que todas as alegações de violações de direitos humanos cometidas pelas forças israelitas estão a ser investigadas.

Questionado pelos jornalistas, Anthony Blinken garantiu que os Estados Unidos “não têm dois pesos e duas medidas” em relação aos crimes cometidos por Israel e pela Rússia.

Segundo o ministério da Saúde do Hamas, as operações militares israelitas realizadas nos últimos seis meses na Faixa de Gaza provocaram mais de 34 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.

Guerra no Médio Oriente

Outras notícias

> A Amnistia Internacional pediu o “desmantelamento do ‘apartheid’ israelita” na sequência de mais ataques de colonos na Cisjordânia, que mataram pelo menos quatro palestinianos e vários edifícios e veículos queimados. A violência “faz parte de uma campanha de décadas apoiada pelo Estado para desapropriar, deslocar e oprimir os palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental”, nota a organização.

> Em sentido contrário, as autoridades israelitas anunciaram a detenção de um jovem palestiniano de 21 anos, acusado de matar um menor israelita de 14 anos na Cisjordânia ocupada na semana passada. O corpo do jovem israelita foi encontrado no passado dia 13, aumentando a violência israelita contra várias aldeias palestinianas.

> Uma investigação independente à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) confirmou que as autoridades israelitas “não forneceram quaisquer provas” do envolvimento de funcionários em atividades terroristas, uma alegação que Telavive mantém há vários meses. O governo israelita desvalorizou o relatório, que foi dirigido pela antiga ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna.

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