O traje mais recente da Mulher-Maravilha é diferente de tudo que já usou antes e, combinado com a narrativa de King, é seu visual mais sombrio até agora

25 de abril
2024
– 22h49

(atualizado às 22h54)

O traje da Mulher-Maravilha é um assunto sério para os fãs, e seu look passou por inúmeras transformações ao longo de seus mais de 80 anos de história em quadrinhos. Seu visual foi tema de muitas discussões polêmicas na fase hiperssexualizada dos anos 1990 e no reboot de 2012, não Novos 52. E, agora, justamente quando Diana Príncipe estreia um traje “menos amazona” e mais “ensolarada”, como nunca usou, o contexto torna essa experiência fashion em algo sombrio.



Foto: DC Comics/Canaltech

Atenção para spoilers de Wonder Woman #8!

As roupas de Diana Prince voltaram a ser alvo de discussões entre os fãs novamente porque a DC Comics lançou recentemente uma série de capas variantes em que a amazona veste diversas roupas. O artista Julian Totino Tedesco se inspirou nas fases mais relevantes da Mulher-Maravilhae não poupou os momentos polêmicos, reimaginando alguns uniformes odiados e também colocando a heroína em vestidos que a guerreira talvez nunca usaria.

Veja bem, Diana vem de uma ilha de amazonas guerreiras onde todas vivem uma cultura diferente do padrão de moda popular. Além de trajes especiais para o combate, ela usa o que sua sociedade, inspiradas nos greco-romanos, costumam vestir. Some também o fato de, depois de ser hiperssexualizada nos anos 1990, a personagem fortalecer a ideia de que seus uniformes não são confeccionados para servir às convenções sociais ou desejos “do mundo dos homens”.




O look ensolarado e

O look ensolarado e “submisso” da Mulher-Maravilha (Imagem: Reprodução/DC Comics)

Foto: Canaltech

As “provocações” de Tedesco nas capas variantes aparentemente não fariam parte da trama, contudo, uma nova HQ explora a moda da Mulher-Maravilha de forma a reforçar o conceito por trás do visual da heroína.

Em Mulher Maravilha #8lançado recentemente, Diana aparece reimaginada como uma dona de casa semelhante ao “horror feminista” do romance Mulheres Perfeitas (The Stepford Wivesno original em inglês) de Ira Levin, publicado em 1972. A obra reforçou o despertar da revolução sexual, cultural e social reivindicada pelas mulheres, e ganhou ainda mais relevância nos dias atuais.

A adaptação de Mulheres Perfeitas para o cinema, inicialmente lançada em 1975, ganhou um remake em 2004 e o texto original é citado recorrentemente desde então em várias mídias. E, agora, influencia essa nova HQ da Mulher-Maravilha.

Por que o look fica sombrio?

Na trama de Mulher Maravilha #8Diana é vítima da manipulação do vilão Soberanoque usa o Laço das Mentiras (que age de forma parecida com o Laço da Verdade, mas, claro, com propósito contrário) para apagar seu senso de identidade. A narrativa tem forte conceito feminista, a partir do fato de o inimigo querer convencê-la de que seu valor (e o de todas as mulheres) é definido por um homem.

O visual da Mulher-Maravilha fazendo referência a Mulheres Perfeitas não se manifesta na realidade física, mas se desdobra em sua mente enquanto ela sucumbe à influência do Laço das Mentiras e à manipulação do Soberano.

Na tentativa de doutrinar Diana à subserviência aos homens, o cenário que o vilão inventa a retrata como uma dona de casa dedicada exclusivamente a servir o marido, Steve Trevor, apesar de seus abusos verbais.



O look fica sombrio devido ao contexto misógino (Imagem: Reprodução/DC Comics)

O look fica sombrio devido ao contexto misógino (Imagem: Reprodução/DC Comics)

Foto: Canaltech

De salto alto rosa, combinando com o ensolarado vestido justo, a Mulher-Maravilha aparece também toda maquiada e com o penteado festivo, decorada com bijuteria para completar o look da “mulher perfeita”: realiza as tarefas domésticas e obedece ordens masculinas meticulosamente arrumada.

Embora o vestido ensolarado tenha caído bem e seja inspiração para futuras sessões de cosplayers, o contexto transforma seu visual mais ensolarado e alinhado com o “padrão feminino” no seu look mais sombrio.

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