Após perder a final do boxe em Tóquio-2020 e conquistar a medalha de prata, Beatriz Ferreira vai até a câmera da transmissão da tv e diz: “Desculpa, pai. Desculpa, Brasil”. Ela estava triste por não ter ganho a sonhada mãe de todas, como ela chamada a medalha de ouro olímpica. Em entrevista ao Sem Limites, talk show do Olimpíada Todo Dia, ela e o técnico Mateus Alves relembraram tudo o que aconteceu nos bastidores após aquela dolorida derrota e também como tudo o que aconteceu serviu para fortalecer a boxeadora a seguir firme no sonho para conquistar o ouro em Paris-2024.




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Foto: (Miriam Jeske/COB) / Olimpíada Todo Dia

“A prata dói mais do que o bronze. Eu acreditei até o final. Então, na hora ali, foram cinco anos, né? É muito rápido. O que que eu deixei de fazer? Na hora, você é medalhista, tem que estar feliz, você está ali num final olímpica, mas você quer ser campeã. Eu queria ser campeã. Eu estava pronta para ser campeã, mas escapou. Na hora eu fiquei muito triste. Eu só quis me desculpar e isso me incentivou a estar classificada hoje e a buscar mãe de todas dourada”, relembra Beatriz Ferreira, que releva, entretanto, que Mateus Alves foi fundamental para que o espírito dela mudasse na hora de subir no pódio e colocar a prata no peito. “Ele me acalmou”.

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Bastidores

“Ela chorou muito”, entrega o treinador. “Chorei, chutei, bati”, concorda Bia. “Jogou cadeira, se xingou de tudo. Mas é bom chorar para tirar a raiva”, completa Mateus Alves. O técnico, no entanto, admite que até agora não engoliu direito aquela derrota para a irlandesa Kerrie Harrington. “2021 é discutível. Demorei um ano para assitir a luta porque eu não gosto de reclamar de arbitragem, mas é discutível. Nós fizemos uma estratégia para o combate e os juízes viram algo completamente diferente do que nós estávamos sentindo, tanto ela quanto a gente. Então, você faz uma estratégia, acredita que foi bem e quando olha perde o primeiro round por 4 a 1? Aí você muda a estratégia e o cara dá de novo o resultado para a adversária? Então, isso atrapalha o desenvolvimento. O boxe olímpico é muito rápido”, lamenta.

Apesar de ter ficado engasgado com a derrota, foi Mateus Alves que consolou Beatriz Ferreira e a fez se recuperar para receber a medalha de prata com sorriso no rosto. “Eu falei para ela: aconteceu, levanta a cabeça. É feio chegar num pódio e demonstrar o choro, demonstrar tristeza. Valoriza a prata. Prata olímpica, campeã mundial, campeã pan-americana… Quem vai te contestar? Só você está se contestando. Não precisa pedir desculpa para ninguém. Valoriza porque você já é diferenciada e vai buscar o ouro na próxima”.

“Aí eu me acalmei, pensando e realmente eu tinha que valorizar aquele momento porque iria passar e eu tinha que curtir. Claro, estava com raiva, mas a raiva ia se transformar em mais energia para continuar no caminho de querer a medalha dourada”, afirmou Beatriz Ferreira, que, no entanto, diz que não se sente pressionada a ganhar o ouro em Paris-2024.

Mãe de todas em Paris

“Coloquei uma meta, tenho condição de atingir e eu estou fazendo tudo o que está ao meu alcance. Estou com a consciência boa, estou tranquila, não estou me auto-pressionando. Eu quero muito, eu tenho essa vontade. É por isso que eu treino. A gente tem que ter um objetivo. Então, meu objetivo é ser campeã olímpica, mas não tem pressão nenhuma. Eu estou me divertindo o tempo todo, ainda mais que eu sei que é uma possível despedida (do boxe olímpico). Então, eu estou fria, estou serena. Estou pronta para aquilo ali”, garante com toda a confiança do mundo.

Assista à entrevista na íntegra

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