O aumento dos ataques aos colonos desde a guerra em Gaza provocou alarme e condenação generalizada.

Pais:

Numa região desértica da Cisjordânia ocupada, o activista israelita Eyal Shani colocou uma pequena câmara na sua t-shirt para recolher provas da violência dos colonos contra os criadores de ovelhas palestinianos.

Ativistas como Shani têm tentado proteger os palestinos dos colonos judeus na área acidentada de Masafer Yatta, ao sul de Hebron, no sul da Cisjordânia, mas dizem que isso se tornou cada vez mais difícil com o aumento dos ataques após a eclosão da guerra em Gaza.

“Se não estivermos aqui, os colonos tomarão todo o poder nas suas mãos, não verão os palestinianos como seres humanos”, disse o homem de 56 anos. “Nós somos o último escudo.”

Israel ocupa a Cisjordânia, onde vivem três milhões de palestinianos, desde 1967 e cerca de 490 mil colonos israelitas vivem lá em comunidades consideradas ilegais ao abrigo do direito internacional.

O aumento dos ataques aos colonos desde a guerra em Gaza provocou alarme e condenação generalizada, inclusive por parte da ONU.

Várias vezes por semana, Shani visita Masafer Yatta e verifica pastores palestinos como Shihada Salameh Makhamreh, 60 anos, que vive com sua família em um vilarejo escavado na rocha.

A sua caverna fresca mantém o calor afastado, mas não os protege dos colonos israelitas que se mudaram para as proximidades.

Makhamreh disse que em meados de Janeiro, um grupo de jovens colonos atacou a sua casa a meio da noite e espancou a sua mãe de 75 anos.

Desde então, disse ele, a família tem vivido em terror, incapaz de compreender porque foi alvo de ataques numa área tão remota.

“Somos pessoas pacíficas”, disse Makhamreh. “Não fazemos política.”

– ‘Uma mão livre’ –

Os ataques aos colonos na Cisjordânia têm aumentado há algum tempo, mas aumentaram ainda mais rapidamente desde o ataque do Hamas, em 7 de Outubro, que desencadeou o ataque de Israel a Gaza.

O escritório humanitário da ONU, OCHA, registou 1.096 ataques a colonos entre 7 de outubro e 31 de março, uma média de seis por dia, contra três por dia antes de 7 de outubro e dois por dia em 2022.

Ativistas israelenses dizem que têm lutado para manter afastados os colonos encorajados.

O activista anti-colonos Ehud Krinis, 57, disse que os colonos da Cisjordânia têm podido contar com o apoio do governo mais direitista da história de Israel.

Dois importantes ministros israelenses vivem em assentamentos – Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich – e Krinis disse que os colonos agora sentem que têm “mão livre para fazer quase tudo o que quiserem”.

Entretanto, os activistas israelitas que visitam Masafer Yatta dizem que se sentem cada vez mais isolados desde 7 de Outubro.

“Algumas pessoas me veem como um traidor, porque traí a ideia sionista de ter um Estado judeu livre”, disse Shani.

Irene Bleier Lewenhoff, 73 anos, uma enfermeira aposentada que veio com Krinis para levar comida para a família Makhamreh, disse que se sentia “muito, muito solitária” na sociedade israelense desde a guerra, apesar de estar fazendo campanha contra a ocupação israelense do Ocidente. Banco há mais de 50 anos.

Os problemas em Masafer Yatta são de longa data, tendo o exército israelita declarado a área como zona militar restrita na década de 1980.

Em Maio de 2022, após uma longa batalha legal, o Supremo Tribunal de Israel decidiu a favor dos militares e ajudou a preparar o caminho para o despejo de residentes palestinianos, que afirmavam que os seus antepassados ​​viviam ali há gerações.

Krinis disse que o exército estava permitindo que os colonos se mudassem para as colinas de Masafer Yatta para expulsar a população palestina.

“O exército não quer evacuá-los diretamente, então estão tentando fazer isso de forma indireta”, disse ele.

A ideia era “deixar que sejam os colonos quem pressionem lá”, disse ele.

Se os colonos tornarem a vida suficientemente difícil, disse Krinis, os palestinianos acabarão por “decidir por si próprios afastar-se”.

– ‘Difícil e perigoso’ –

Pelo menos 491 palestinos foram mortos por forças israelenses ou colonos em toda a Cisjordânia desde 7 de outubro, segundo autoridades palestinas.

No mesmo período, pelo menos 19 israelitas foram mortos em ataques perpetrados por palestinianos, segundo dados oficiais israelitas.

Noutra parte de Masafer Yatta, os activistas israelitas têm ajudado outra família palestiniana após um ataque de colonos.

Zakaria al-Adra disse que em 13 de outubro, um colono atirou nele à queima-roupa na aldeia de Al-Tuwani, ao sul de Hebron.

Imagens compartilhadas pelo grupo de direitos humanos israelense BTselem parecem mostrar soldados ao lado do atirador.

O jovem de 29 anos disse que, apesar de ter sido submetido a mais de 10 operações médicas, já não conseguia trabalhar nem sustentar a mulher e os quatro filhos, incluindo gémeos de 10 meses.

Ehud e Irene visitam-nos semanalmente, trazendo suprimentos, incluindo fraldas para os bebês.

A esposa de Adra, Shouq, de 24 anos, disse à AFP que a vida se tornou mais “difícil e perigosa” desde 7 de outubro.

“Todo o assentamento tem armas”, disse ela, acrescentando que mesmo os voluntários israelenses e estrangeiros não estavam mais seguros.

(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)

Esperando por resposta para carregar…

Fuente