O partido no poder na Geórgia, Georgian Dream, mobilizou milhares de apoiantes de várias partes do país para combater as ondas de protestos antigovernamentais que abalaram a capital, Tbilisi, desde meados de Abril.

Os protestos foram desencadeados pela reintrodução de um projeto de lei que, segundo os críticos, tem semelhanças com a legislação russa destinada a reprimir a dissidência.

A legislação proposta, denunciada pela União Europeia, foi recebida com condenação generalizada. Os críticos temem que isso possa minar as aspirações da Geórgia de adesão à UE, um objectivo apoiado pela maioria da população.

No domingo assistiu-se a uma participação significativa, com cerca de 20 mil pessoas a juntarem-se à “Marcha pela Europa” em Tbilissi, denunciando a lei e defendendo os valores democráticos.

No entanto, na segunda-feira, o partido no poder orquestrou uma contra-manifestação fora do parlamento, tendo surgido relatos de que funcionários do governo foram coagidos a comparecer.

A Presidente georgiana, Salome Zurabishvili, condenou a medida, comparando-a a tácticas que lembram regimes autoritários. Imagens que circularam na televisão georgiana mostravam pessoas a ser transportadas para Tbilisi em autocarros afiliados ao Georgian Dream, levantando preocupações sobre a autenticidade do apoio obtido pelo partido no poder.

Numa rara aparição, a bilionária Bidzina Ivanishvili, amplamente considerada como exercendo uma influência significativa na política georgiana, defendeu o projecto de lei, alegando que visava aumentar a transparência no financiamento de grupos civis.

No entanto, os críticos argumentam que a legislação proposta poderia reprimir a dissidência e minar os princípios democráticos.

Os protestos não se limitaram a Tbilisi, uma vez que foram relatadas manifestações noutras cidades, como Batumi e Zugdidi. Os confrontos entre a polícia e os manifestantes prejudicaram os comícios, lembrando distúrbios semelhantes que ocorreram no ano passado, levando o Georgian Dream a abandonar legislação semelhante.

A UE reiterou as suas preocupações, sublinhando que o projeto de lei poderá prejudicar os progressos da Geórgia rumo à adesão à UE. Apesar de lhe ter sido concedido o estatuto de candidata oficial, a Geórgia enfrenta obstáculos significativos, incluindo a necessidade de reformas judiciais e eleitorais, a liberdade de imprensa e a redução da polarização política.

À medida que a nação oscila à beira de uma convulsão política, o destino do futuro democrático da Geórgia está em jogo, com os manifestantes determinados a defender os seus direitos e a resistir a quaisquer tentativas de minar as normas democráticas.

Fuente