O Presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a admitir esta quinta-feira a possibilidade de enviar tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia no caso da Rússia “romper as linhas da frente” e Kiev solicitar esse apoio.

“Se os russos passassem a linha da frente, se houvesse um pedido ucraniano – o que não é o caso atualmente – deveríamos legitimamente colocar-nos a questão”, disse o Presidente francês numa entrevista ao semanário britânico The Economist.

Para o Presidente francês, excluir esta hipótese ‘a priori’ “seria não aprender as lições dos últimos dois anos”, ao recordar que, inicialmente, os países da NATO o envio de tanques e aviões para a Ucrânia antes de mudarem de ideias.

GONZALO FUENTES / PISCINA

Guerra na Ucrânia

Há “um objetivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia”, caso isso aconteça deixará de existir segurança na Europa. “Quem pode fingir que a Rússia vai ficar por aqui? Que segurança haverá para os outros países vizinhos, a Moldávia, a Roménia, a Polónia, a Lituânia e muitos outros? E que credibilidade teriam os europeus se tivessem gasto milhares de milhões, se tivessem dito que a sobrevivência do continente estava em jogo e não se tivessem dotado dos meios para travar a Rússia? Por isso, sim, não devemos excluir nada”, insistiu.

Face a estas declarações, o vice-primeiro-ministro de Itália, Matteo Salvini, afirmou que “nunca um soldado italiano irá morrer em nome de Macron”, citado pela agência italiana ANSA.

Numa reação à posição de líder do partido de extrema-direita Liga, que integra a coligação governamental da primeira-ministra Giorgia Meloni, o eurodeputado Sandro Gozi, secretário-geral do Partido Democrata Europeu, acusou o líder da Liga de ser o verdadeiro porta-voz do Kremlin. “Não há ambiguidade estratégica: ele escolheu o lado em que quer estar, o de Putin e da Rússia, obviamente”, acrescentou.

Salvini já declarou no passado a admiração Putin, mas condenou a invasão russa da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022. Mais recentemente, Salvini apelou a Kiev para que negociasse com os russos.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:

⇒ A Comissão Europeia triplicou o orçamento inicial de apoio a cientistas ucranianos para os 4,5 milhões de euros, no âmbito do programa de bolsas Eurizon, ao abrigo do Horizonte Europa. Um total de 65 projetos envolvendo 324 cientistas ucranianos beneficiarão do programa de bolsas de estudo, que abrange todos os domínios científicos e serão conduzidos em colaboração com as infraestruturas de investigação europeias.

⇒ A Rússia rejeitou acusações dos Estados Unidos de que teria utilizado um agente químico contra as forças ucranianas, em violação da Convenção sobre as Armas Químicas (CWC, na sigla em inglês). “Como sempre, estas acusações parecem ser totalmente infundadas e não são apoiadas por nada”, disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.

⇒ O Conselho da Europa instruiu o seu secretário-geral a trabalhar nos preparativos para um tribunal especial para julgar o “crime de agressão” da Rússia contra a Ucrânia. “Trata-se de um importante passo prático no sentido de pôr o tribunal em ação. Cada passo deste tipo aproxima-nos mais da prova de que a justiça para o crime de agressão contra a Ucrânia é inevitável”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, numa mensagem na rede social X.

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