O Novo Banco obteve um lucro de 180,7 milhões de euros entre janeiro e março deste ano, um crescimento de quase 22% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Os juros continuam a ser a justificação para esta evolução homóloga, mas, em relação ao trimestre anterior, nota-se um alívio, ainda que muito ligeiro. São dados da apresentação de resultados divulgada esta quinta-feira, 2 de maio.

Entre janeiro e março de 2024, a margem financeira (diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos) cresceu 21%, para 299 milhões de euros, em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, já há um ligeiro deslize em relação aos trimestres anteriores, resultante da manutenção das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE): no quarto trimestre a margem era de 311 milhões.

A taxa de juro média paga no campo dos ativos (créditos) foi de 4,8% (há um ano era de 3,4%, e em dezembro era de 4,2%), enquanto do lado do passivo (depósitos) foi de 1,9% (era de 1,1% um ano antes, e 1,4% em dezembro).

Além da margem, o Novo Banco conseguiu mais receitas nas comissões bancárias (cresceram 8%), “nomeadamente na área da gestão de meios de pagamento, que compensaram o impacto das alterações legislativas nas comissões sobre empréstimos”.

Proveitos e custos sobem, imparidades estagnam

A rubrica que compõe todos os proveitos, o produto bancário, avançou 15% e totalizou 371,6 milhões de euros, sem o peso de receitas com valor negativo extraordinárias registadas no ano anterior.

No campo dos custos, o avanço foi de 6%, para 119 milhões de euros, sobretudo com custos com pessoal. No fim de março, o grupo tinha 4209 trabalhadores e 290 balcões (4105 trabalhadores e 292 balcões um ano antes).

As imparidades e provisões, dinheiro de lado para precaver perdas em créditos ou em contingências, ficaram praticamente estagnadas, com uma subida homóloga de 0,8% para 27,9 milhões de euros (no fim do ano passado, tinha havido uma maior agressividade na constituição de imparidades). O banco não adiantou motivos especiais.

€10,5 milhões em impostos, mais que em 2022

No primeiro trimestre, o Novo Banco pagou 10,5 milhões de euros em impostos sobre lucros (IRC), mais do que em todo o ano anterior (pagou 5,7 milhões no conjunto do ano passado, e no trimestre mais forte neste campo, o quarto, só pagou 3,2 milhões).

Muito pelos efeitos fiscais dos prejuízos registados durante os primeiros anos de vida, a fatura com impostos do Novo Banco caracteriza-se por ser muito inferior à dos restantes bancos e, apesar deste aumento no início do ano, tal continua a acontecer-se. Com um resultado operacional semelhante neste trimestre, o BPI pagou 53 milhões de euros em impostos sobre lucros. Já o Santander, com uma operação mais robusta, pagou mais de dez vezes mais.

Além disto, o banco pagou a obrigatória contribuição sobre o sector bancário de 32,2 milhões de euros no primeiro trimestre (ela é registada, logo, no início do ano, e é ligeiramente abaixo da registada há um ano).

Crédito estagna, depósitos crescem

A nível da operação, a carteira de crédito cresceu ligeiramente, 0,8%, para 28.296 milhões de euros. As empresas continuam a dar o maior impulso (nos particulares, o crescimento foi registado no crédito ao consumo). O crédito malparado pesa, ainda, 4,3% da carteira total, face a 5% no ano anterior, representando cerca de mil milhões de euros.

Nos recursos captados junto de clientes (depósitos e fundos), houve um aumento de quase 6% para 37.292 milhões, designadamente com a ajuda dos depósitos (até porque, um ano antes, sentia-se a saída de depósitos para certificados de aforro). A situação de liquidez do banco é confortável, superando com folga os mínimos exigidos.

Novo Banco sublinha bloqueio ao dividendo

No comunicado de resultados, o Novo Banco sublinha que tem um “crescente balanço sobrecapitalizado”, apontando para o rácio de capital de 19% (quando o requisito mínimo é de 9,3%), e indica que tal é “resultante do proibição de dividendos contratual”, isto é, da impossibilidade de pagar dividendos devido ao mecanismo de capital contingente que existe desde a venda à Lone Star, que só termina no fim de 2025.

Não é segredo que a gestão de Mark Bourke pretende libertar-se deste bloqueio para poder vir a vender o banco ou colocá-lo em bolsa.

O rácio ainda poderá subir mais se o Novo Banco ganhar os diferendos que mantém com o Fundo de Resolução no tribunal arbitral, em Paris. É outra questão que limita, neste momento, o futuro do Novo Banco.

(notícia atualizada pela última vez com mais informações pelas 7h45)

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