A guerra da Ucrânia já ultrapassou os 800 dias. Estamos no seu 801º dia e as linhas da frente, como dão conta os repórteres do “The Guardian” no terreno, estão “cada vez mais perto”. A aldeia ucraniana de Ocheretyne foi atingida por duros combates, segundo imagens de drones obtidas pela Associated Press. A aldeia tem sido um alvo das forças russas na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. “As forças armadas ucranianas reconheceram que a Rússia conquistou um ‘ponto de apoio’ em Ocheretyne, que tinha uma população de cerca de 3.000 pessoas antes da guerra, mas afirmam que os combates continuam”, escreve o “The Guardian”.

Os avisos quanto à precária capacidade defensiva dos ucranianos não são de agora, e a situação, segundo as próprias fontes oficiais do exército de Kiev, não está fácil. Por isso mesmo, tanto o Presidente como o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia pressionaram o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, a acelerar a entrega da prometida ajuda militar a Kiev. “É importante que as armas incluídas no pacote de apoio do Reino Unido, anunciado na semana passada, cheguem o mais rapidamente possível”, afirmou Volodymyr Zelensky na plataforma social X, aquando da visita de Cameron a Kiev, na quinta-feira. O chefe de Estado ucraniano foi colocado oficialmente numa lista de “pessoas procuradas” pela Rússia. A Ucrânia classifica esta inclusão como uma demonstração de que a Rússia está “desesperada por mais propaganda”.

A guerra continua muito perto de Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia, que, segundo alguns analistas, os russos podem querer voltar a tentar conquistar totalmente, como tentaram nos primeiros meses de guerra, sem sucesso. Os destroços de drones russos abatidos atingiram alvos civis na madrugada de sábado em Kharkiv, ferindo três pessoas e provocando um incêndio num edifício de escritórios, informou o governador regional, Oleh Synehubov. Os feridos, uma criança de 13 anos e uma mulher estão a ser tratadas no hospital. O ministro da defesa russo, Sergei Shoigu, disse na sexta-feira que as tropas russas capturaram 547 quilómetros quadrados de território na Ucrânia este ano — e acrescentou que as forças ucranianas “estão a recuar em toda a linha da frente”, cita o “The Guardian”.

Depois de mais uma entrevista do Presidente de França, Emmanuel Macron onde não nega que o envio de homens para a Ucrânia seja uma possibilidade em cima da mesa, desta vez em declarações à “Economist”, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que qualquer ataque ucraniano apoiado pelo Ocidente contra a ponte da Crimeia ou contra a própria Crimeia será objeto de um forte ataque de vingança por parte da Rússia. “Gostaria de avisar Washington e Bruxelas de que quaisquer ações agressivas contra a Crimeia não só estão condenadas ao fracasso, como também terão resposta com um devastador ataque de vingança”, disse Zakharova.

Nos Estados Unidos, o Senado dos EUA aprovou na terça-feira uma legislação que proíbe as importações da Rússia, a mais recente medida de Washington para interromper a capacidade de Putin de pagar pela invasão em grande escala da Ucrânia que começou em 2022. Voltando à Europa, os ataques informáticos perpetrados pela Rússia estão a preocupar as autoridades,

As instituições da República Checa têm sido alvo de um ciberataque russo desde o ano passado, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros checo na sexta-feira, citado pela agência Reuters. O grupo russo APT28, que se acredita estar ligado aos serviços secretos militares russos (GRU), entrou no programa Outlook, o e-mail da Microsoft. Esta declaração das autoridades checas acontece depois de o ministério do Interior alemão ter afirmado, também na sexta-feira, que uma série de ciberataques atribuíveis ao GRU visaram os servidores dos social-democratas alemães, bem como os sectores da logística, defesa, aeroespacial do país.

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