Fernando Sastre, motorista do Porsche

Foto: Globo

Novas imagens registradas pelas câmeras corporais dos policiais militares que atenderam a ocorrência do acidente com Porsche que deixou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana morto, mostram os agentes explicando por que liberaram o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, que era quem dirigia o carro de luxo. O vídeo foi divulgado com exclusividade pela TV Globo.

“Aí a mãe dele chegou: ‘não, precisa socorrer ele, não tá bem… eu vou pra o PS’. Lógico, não vou falar, ‘não, não vai socorrer’, mas ele é o condutor. Teve testemunha que disse que aparentemente ele foi o responsável pelo acidente e ele saiu do local. Então assim: ele saiu pra ser socorrido. Então a gente vai lá em outro PS [Pronto Socorro] pra ver se realmente ele está lá, se foi atendido, como é que tá”, afirmou a policial militar que liberou Sastre.

A conversa foi registrada enquanto a agente da PM conversava com outro policial por telefone e explicava que liberou o empresário porque a mãe dele afirmou que o levaria até o hospital. Entretanto, apesar da promessa de buscar ajuda médica, os dois não procuraram atendimento hospitalar.





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Durante o trajeto, a policial e o outro PM que a acompanhou durante a ocorrência foram até o hospital onde Ornaldo havia sido levado ferido, mas ele não resistiu e morreu. “Acabou de morrer. Eu estou esperando a declaração de óbito aqui no PS”, afirmou a policial.

Ainda na conversa, a policial militar também compartilha informações sobre o estado de saúde do amigo do motorista do Porsche, Marcus Vinicius Machado da Rocha, que sofreu lesões graves, incluindo quatro costelas quebradas e a necessidade de uma cirurgia para a remoção do baço.

“Os dois [Fernando e Marcus] aparentemente não correm risco de vida”, disse a policial.

Erro no procedimento

Uma sindicância realizada pela Polícia Militar constatou que houve falha no procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência. Em nota divulgada nesta terça-feira, 23, a SSP afirmou que a sindicância analisou as câmeras corporais dos PMs e identificou que a equipe errou ao não submeter Andrade Filho ao teste do bafômetro.

Diante da constatação do erro, foi aberto um processo de responsabilização dos policiais envolvidos no caso, afirmou a SSP. Os laudos da perícia e as imagens das câmeras corporais foram entregues à Polícia Civil, que investiga o caso.





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A pasta apontou, ainda, que está sendo realizada uma reconstituição em 3D do acidente, o que deverá ajudar as investigações, já em fase final. O caso continua em segredo de Justiça, ressaltou a SSP.

Mais cedo nesta terça-feira, o Ministério Público de São Paulo confirmou que Andrade Filho dirigia a 156 km/h quando colidiu contra o carro de Ornaldo, que não resistiu aos ferimentos. A velocidade máxima permitida na Avenida Salim Farah Maluf, onde aconteceu o acidente, é de 50 km/h, três vezes menor que a velocidade do condutor da Porsche. A informação é do laudo da Polícia Técnico-Científica.

A velocidade do carro de luxo no momento da colisão foi estimada pelos peritos após a análise de imagens de câmeras de segurança, que registraram o ocorrido. No entanto, o laudo apresentado é apenas um dos documentos a serem entregues para a Polícia Civil. O Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto Médico Legal (IML) também devem preparar conclusões.

Justiça determinou prisão de empresário

Na última sexta-feira, 3, a Justiça determinou a prisão preventiva do empresário, atendendo recurso do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Antes, três pedidos de prisão contra ele tinham sido negados ainda em primeira instância.

O desembargador João Augusto Garcia é quem assina a decisão. Segundo ele, a prisão preventiva visa “acautelar a ordem pública, ante o risco de reiteração das condutas, e garantir a regular instrução criminal”.

Sastre dirigia um Porsche pela Avenida Salim Farah Maluf, no dia 31 de março, quando colidiu contra o Sandero conduzido por Ornaldo.

Em sua decisão, o desembargador citou ainda os outros acidentes em que o empresário esteve envolvido e o registro de uma participação dele em um racha na Avenida Paulista.

“Com efeito, a ligação com atos semelhantes, em havendo indicativos de que, mesmo instado por pessoas a não dirigir, por seu estado (indicado ainda pelo frentista Reinaldo, que viu o réu sair cambaleando), fazem crer na possibilidade de reiteração em descumprimento de normas, devendo o poder judiciário estar atento quanto ao resguardo da ordem pública, prevalecendo, nesse momento, o interesse coletivo, em detrimento do individual”, escreveu.

Garcia afirmou ainda que há precedentes de prisões preventivas em casos de rachas, com consequências inferiores às do caso envolvendo o empresário, em que houve uma vítima fatal e uma pessoa lesionada gravemente.

Ao decidir pela prisão preventiva, que tem ordem para ocorrer de forma imediata, o Tribunal de Justiça de São Paulo revoga as medidas cautelares as quais Sastre estava vinculado. A decisão, porém, mantém apenas a fiança de R$ 500 mil que já foi cobrada do empresário.

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