Quem quer investir no Cazaquistão? Na prática, foi isso que o embaixador deste país em Portugal, Daulet Batrashev, foi perguntar esta segunda-feira ao Vale do Ave, apostado em atrair a indústria têxtil portuguesa até um destino na fronteira da Rússia, “rico em matérias-primas como algodão e lã”, mas ainda à procura de evoluir na fileira produtiva.

“O objetivo é desenvolverem a indústria têxtil para abastecerem a população e serem exportadores de produtos têxteis. No mundo, identificaram Portugal como um país que tem empresas com conhecimento e capacidade tecnológica que pode ajudar a fazer essa transição, por isso vieram cá”, justifica ao Expresso o presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado.

Assim, em vez de se limitarem a exportar o algodão ou a lã por tratar, poderão passar a ter uma indústria vertical, com fiação, tecelagem, acabamentos, confeção e “mais valor acrescentado”. Tudo para a abastecer o mercado local, mas também para exportar, designadamente para a Ásia Central.

“Se há uma boa notícia nesta visita a Famalicão é o facto de um país que quer começar a criar a sua própria indústria têxtil reconheceu a capacidade nacional para para ajudar nesse processo. Sabemos fazer e estamos a ser reconhecidos por isso”, comenta o empresário e dirigente associativo.

Garantir compras em contratos públicos

Em causa, explica, a par da oportunidade de internacionalização para as empresas portuguesas, “está a aproximação a um produtor de matérias-primas essenciais ao nosso trabalho” com “custos de energia e mão de obra muito competitivos, ainda a viver um estrondo de natalidade, com 3 a 4 filhos por casal”, comenta.

No encontro, no entanto, Mário Jorge Machado deixou claro que para garantir investimento português. o Cazaquistão terá de garantir encomendas a essas empresas. “O país tem de ser cliente à partida, desde logo de fardas para o exército, forças de segurança, indústria”, sustenta.

“O que têm de fazer é dar incentivos ao investimento e garantir que nos contratos públicos, por exemplo, 50% das compras serão à produção nacional. Aliás, esse é exatamente o caminho que a União Europeia terá de seguir”, afirma.

Portugal tem empresas “com capacidade tecnológica e financeira para responder a este desafio, preenchendo todos os requisitos” e o próximo passo, adiantou “será convidarem algumas empresas nacionais interessadas em investir no país para uma visita ao Cazaquistão”.

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