Depois de vários dias a prometer uma invasão da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, o exército israelita iniciou oficialmente a sua ofensiva no último reduto do pequeno enclave, onde milhões de pessoas se refugiaram dos bombardeamentos desde o dia 7 de outubro.

Nas ruas de Rafah, antes das bombas começarem a cair novamente em Rafah, vários palestinianos estavam a celebrar a notícia de que o Hamas tinha acordado termos para um cessar-fogo (apesar de Israel ter negado a existência de um acordo).

Segundo a estação Al Jazeeraque ainda tem jornalistas na região, os ataques israelitas incidem sobretudo na zona este da cidade. Imagens partilhadas nas redes sociais por jornalistas mostram o céu sobre Gaza iluminado com os projéteis.

A mesma estação dá conta de vários feridos em hospitais em Rafah, decorrentes dos ataques desta noite.

“Houve uma escalada nos ataques aéreos e bombardeamentos na parte este de Rafah. Estamos a falar de bombardeamentos sem parar em zonas residenciais. A maioria dos residentes lá copmeçou a fugir para onde o exército israelita está a mobilizar mais tropas. (…) Isto é assustador, e contraditório com a atmosfera de positivismo em torno das negociações”, escreveu o jornalista Tareq Abu Azzoum, da Al Jazeera, a partir de Rafah.

O secretário-geral das Nações Unidas também mostrou-se preocupado com a situação no sul de Gaza, pedindo com “urgência” que o governo israelita e o Hamas cheguem a um acordo e “parem o sofrimento”.

“Estou profundamente preocupado com as indicações de que uma operação militar de larga escala em Rafah pode estar iminente. A proteção dos civis é imperativa na lei humanitária internacional”, afirmou António Guterres, numa publicação na rede social X (agora Twitter).

Ao longo dos últimos sete meses, à medida que a ofensiva israelita foi avançando a partir do norte da região, a esmagadora maioria da população da Faixa de Gaza foi-se abrigando em Rafah. Onde antes residiam 300 mil pessoas, estão agora abrigadas cerca de dois milhões, e o sistema de saúde encontra-se completamente colapsado.

O exército israelita foi dizendo à população para se deslocar para Rafah, chegando a atacar civis que tentaram regressar para cidades no norte durante o último cessar-fogo. Agora, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou a evacuação da cidade, dizendo aos civis para se deslocarem para Khan Younis – mas as organizações de direitos humanos no local alertam que a população não confia nas indicações das forças de Israel.

Imagens AFP/Getty

Guerra no Médio Oriente

Até esta terça-feira, foram mortas pelos bombardeamentos israelitas 34.735 pessoasincluindo mais de 14.500 crianças e 8.400 mulheres. Segundo os dados das autoridades de saúde de Gaza, foram registados mais de 78 mil feridos, e ainda existem milhares de mortos e feridos palestinianos por retirar debaixo dos escombros dos edifícios arruinados.

A ofensiva israelita foi despoletada pelos ataques do dia 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, pelo Hamas, com o grupo extremista a matar mais de 1.100 pessoas e a raptar mais de 200. Atualmente, ainda cerca de 130 reféns continuam retidos na Faixa de Gaza.

Entretanto, na Cisjordânia ocupada, as operações israelitas na região, que se intensificaram em resposta ao ataque do Hamas, já resultaram em quase 500 palestinianos mortos pelas forças de segurança, incluindo mais de 120 crianças.

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