Demonstrar a relevância da tecnologia na aceleração e na concretização de soluções digitais que permitam cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU até 2030 é, desde a primeira hora, o objetivo da cimeira Digital With Purpose (DWP) que contará este ano com a sua terceira edição. Com data marcada para os dias 9,10 e 11 de julho, o encontro que reúne participantes dos sectores público e privado, que trabalham em soluções digitais sustentáveis na indústria automóvel, energia, ciência, saúde, meio ambiente e clima, agricultura, educação, arte, turismo, logística e distribuição, fintechnegócios, tecnologia da informação, entre outros, contará uma vez mais com a presença de um conjunto de oradores, nacionais e internacionais, com provas dadas nas áreas centrais do evento: biodiversidade, cidades sustentáveis e inteligentes e educação.

A estes temas junta-se este ano o debate sobre finanças sustentáveis, uma área cada vez mais relevante para o financiamento das empresas. “Temos que dinamizar a perspetiva da sustentabilidade e integrá-la, de forma coerente e efetiva, nos critérios de financiamento”, defende Luís Neves. Para o CEO da GeSI (Global Enabling Sustainability Initiative), que organiza a cimeira, “os bancos e outros organismos financeiros ainda financiam muito na perspetiva do lucro imediato, e é preciso alterar este posicionamento”, acrescenta. O responsável pelo evento acredita que esta mudança contribuirá para acelerar a adoção de práticas ESG (sigla em inglês para ambiente, sustentabilidade e governança) nas empresas, sem a qual será impossível concretizar as metas definidas pelas Nações Unidas para a sustentabilidade até 2030.

“Temos que dinamizar a perspetiva da sustentabilidade e integrá-la, de forma coerente e efetiva, nos critérios de financiamento”, afirma Luís Neves

Outros temas que, pela sua urgência e relevância, entram na agenda desta edição são a inteligência artificial (IA) e a gestão da água, “um tema crítico, que não pode ser esquecido”, sublinha Luís Neves. O primeiro que, pela velocidade da evolução a que o mundo assiste nos últimos anos “exige reflexão, para que a centralidade humana não se perca dentro do potencial encerrado pela IA”, contará com um conjunto de debates e de trabalhos que resultará num relatório de recomendações que será endereçado às Nações Unidas. A organização espera que este documento seja apresentado no ‘The Summit of the Future’, em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos. O objetivo, explica, é “contribuir com alguma coisa relevante que, do ponto de vista das políticas, permita repensar a componente humana no contexto da tecnologia, nomeadamente, as questões éticas”.

Já o tema da água, muito relevante “quando temos mais de quatro mil milhões de pessoas com pouco ou nenhum acesso a este bem essencial em todo o mundo, e mais de 50 milhões de pessoas afetadas anualmente por secas, têm muito a beneficiar com a utilização de soluções tecnológicas”, diz Luís Neves. A juntar a estes números, o responsável da GeSI recorda ainda o desperdício de 80% da água que, depois de usada, não é tratada e acaba no mar. “Estamos a falar de deitar água ao lixo”, aponta, sublinhando que “o digital pode contribuir muito para resolver este problema, através de tecnologias que geram eficiências de 30%, 40%, ou 50% como o 5G, o 6G, os sensores, etc…”.

da água usada é desperdiçada quando podia ser tratada e reutilizada

Sair da sala de conferências e dinamizar o debate destas questões em que a tecnologia contribui para acelerar a sustentabilidade é também o objetivo das ‘night sessions’ – outra novidade da edição deste ano – que, além de decorrerem fora do horário da cimeira, acontecem em espaços da cidade de Cascais, como o auditório da Casa das Histórias Paula Rego ou o Palácio Sommer. O objetivo, explica Luís Neves, será igualmente chamar a atenção e mobilizar a população para estas temáticas. “Queremos fazer de Cascais um grande centro do digital, um ‘Davos’ da sustentabilidade”. Ao longo dos três dias da cimeira estão ainda previstas outras atividades junto da população, com vista a demonstrar como a tecnologia pode contribuir para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Na vertente da Biodiversidade, cuja embaixadora na cimeira é Helena Freitas, professora e investigadora na Universidade de Coimbra, também há novidades. A partir das recomendações saídas da última edição para esta área (COLOCAR LINK AQUI), e com o objetivo de acelerar a concretização de projetos, “foi feita uma análise mais exaustiva dos caminhos em que pensámos que pode haver oportunidades de valorizar o conhecimento na biodiversidade”, explica a professora que coordena a Cátedra Unesco em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável. O documento base, que recebeu o nome ‘Biodiversity Futures’, está agora mais integrado com o protocolo de Montreal, um acordo global que visa proteger a camada de ozono, assinado em 1989, tendo a ambição de cruzar estas metas com a agenda digital. No fundo, “nós estamos a proporcionar um palco para que essa convergência aconteça de uma forma muito orientada”, sublinha.

Este ano regressa igualmente ao palco do DWP o líder dos indígenas da Amazónia, o cacique Dadá, que traz na bagagem os primeiros resultados de um projeto nascido na cimeira, que demonstra a materialização do trabalho conjunto, que está na génese desta iniciativa.

Ainda na área da Biodiversidade, outros nomes já confirmados são, por exemplo, Nemonte Nenquino, que liderou uma campanha indígena e uma ação legal que resultou numa decisão judicial que protegeu 500.000 hectares de floresta amazónica e o território Waorani da extração de petróleo. A liderança de Nenquimo e o processo abriram um precedente legal para os direitos indígenas no Equador, e outras tribos estão a seguir os seus passos para proteger extensões adicionais de floresta tropical da extração de petróleo. Mrinalini Raifundadora e diretora executiva da Women4Biodiversity marcará também presença em Cascais, trazendo a palco as questões relacionadas com a igualdade de género e a sua importância na biodiversidade.

Já na área da Educação, estão confirmados nomes como Paul Byrne, secretário-geral da ESHA – European Schools Head Association, David Beattyprofessor na Universidade de Toronto ou Elizabeth Dowdeswellantiga diretora executiva da UNEP – UN Environment Programme.

O que é?

É um evento que irá reunir líderes, empresas e organizações globais e nacionais para discutir a adoção de soluções digitais sustentáveis que permitam cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSD) da ONU para 2030.

Quando, onde e a que horas?

O evento terá lugar entre os dias 9 e 11 de julho no Centro de Congressos do Estoril, a partir das 14h00 no dia 9, e a partir das 10h00 nos dias 10 e 11.

Quem são os oradores?

Estão, para já, confirmados mais de meia centena de oradores, provenientes de dezenas de países e representantes de governos, instituições públicas, empresas, start-ups ou universidades. Para conhecê-los veja aqui.

Porque é que este tema é central?

O impacto das ferramentas digitais nos vários sectores da sociedade pode fazer a diferença e contribuir para a aceleração e o cumprimento dos 17 OSD. No entanto, este é um trabalho que tem que ser feito em conjunto entre sector público, privado e social para que o seu efeito seja mais célere. Esta é já a terceira cimeira, promovida pela GeSi (Global Enabling Sustainability Initiative), organização global que promove o impacto do sector da tecnologia na sustentabilidade e que procura unir os diferentes partes interessadas para dinamizar este trabalho de parceria.

Como posso ver?

Se quiser assistir, presencialmente ou online, inscreva-se aqui.

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