Tanto o PS como a AD – Alternativa Democrática recusavam, há dias, os debates frente-a-frente para as europeias com o mesmo argumento de que isso tirava tempo de campanha na rua, mas, depois de a AD ter acusado o PS de querer fugir aos debates com o seu candidato Sebastião Bugalho, os socialistas aceitaram um novo modelo proposto pelos três canais generalistas. Serão feitos seis debates com quatro candidatos cada em vez dos 28 duelos, distribuídos pela antena da RTP, SIC e TVI, um modelo que se aproxima da proposta feita pela Iniciativa Liberal. Na televisão pública haverá ainda um debate com os oito partidos com assento parlamentar e um outro organizado pelas rádios.
Ao PÚBLICO, a número um socialista Marta Temido afirmou que teria “muito gosto” em fazer o debate mano a mano com Sebastião Bugalho, “mas isso não seria aceitável pelos restantes partidos”. A candidata argumenta que “a direcção da campanha tem procurado uma solução que equilibre exequibilidade e equidade”.
O PS, que desde a passada semana argumenta que os candidatos não deviam passar o tempo de campanha fechados em debates e quer fazer campanha de rua junto do eleitorado, considerou que o novo modelo é o “mais exequível em termos de disponibilidade de datas e que garante uma maior equidade entre todas as forças políticas”. Assim, dizem os socialistas num comunicado enviado à agência Lusa, evitam-se “disputas jurídicas e políticas que minariam o debate da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu”, cujas eleições terão lugar a 9 de Junho.
“O que esteve em causa ao longo deste processo negocial foi sempre a definição de um modelo de debates que garantisse a maior equidade e exequibilidade dos mesmos”, garante o PS, que defende ser importante que “a campanha privilegie, de igual modo, os contactos com a população e forças da sociedade civil, não descurando a importância dos debates televisivos”. “Estes devem, pois, ter um enquadramento razoável, de modo a não prejudicarem as restantes dimensões da campanha”, acrescenta.
Também em comunicado assinado pelo director de campanha Emídio Guerreiro, a AD afirmara de manhã que o PS recusou o frente-a-frente para as eleições europeias, acusando os socialistas de usarem os mesmos argumentos do Chega para “fugir ao debate” com o cabeça de lista da coligação, Sebastião Bugalho. O debate realizar-se-ia a 23 de Maio, ainda antes da campanha eleitoral, que só começa no dia 27, e esta era já uma segunda proposta das televisões, depois de um primeiro modelo de 28 debates.
Este segundo modelo previa três debates com todos os partidos com assento parlamentar e um frente-a-frente entre socialistas e a AD. A proposta, que seguiu para os partidos no passado domingo, motivou críticas de vários partidos e o Bloco de Esquerda até ameaçou avançar com uma providência cautelar.
A coligação de direita, que junta PSD, CDS e PPM dizia também que já tinha aceitado a terceira proposta das televisões, a tal dos seis debates com quatro intervenientes.
Nesta quarta-feira, o director de campanha da AD refere que a coligação está disponível e interessada, “desde o primeiro momento, em realizar todos os debates que o calendário permita”. “Os eleitores decerto não compreenderão a recusa do PS, como não compreenderiam que o impasse se mantivesse indefinidamente, transformando os debates em tema de campanha”, refere Emídio Guerreiro.
“Sublinhamos que, para fugir ao debate com o nosso cabeça de lista, o PS utiliza os mesmos argumentos do Chega, o que revela mais uma vez – e até numa matéria como esta – a aliança táctica e tácita entre estes dois partidos”, acusa o social-democrata, dizendo esperar que “até ao final da campanha, o PS mude a sua postura e aceite os convites para outros frente-a-frente entretanto recebidos”.
O presidente do Chega, André Ventura, tinha criticado a nova proposta para os debates entre os candidatos às eleições europeias de 9 de Junho, recusando uma solução que “favorece o bipartidarismo”, nomeadamente PS e PSD.
O PAN aceita a proposta agora feita pelas televisões por considerar que “todos os partidos estão em igualdade de circunstâncias”, diz fonte oficial do partido ao PÚBLICO.
Entretanto, o Volt já apresentou queixa junto da CNE – Comissão Nacional de Eleições contra as três televisões de sinal aberto e também a CMTV por não incluírem o partido nos debates. O partido alega que o Volt tem representação no Parlamento Europeu (um deputado, eleito pela Alemanha) e que a lei prevê que, apesar da liberdade editorial, os media devem ter em conta a representatividade política relativa ao órgão a que a eleição se refere.