O Banco de Inglaterra (BoE), o banco central do Reino Unido, decidiu, na reunião desta quinta-feira, não mexer na taxa diretora, que se mantém em 5,25%, que está acima da taxa de refinanciamento de 4,5% do Banco Central Europeu (BCE).

A votação em Londres não foi unânime, com dois votos contra, que pretendiam cortar já os juros em 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual). Ainda que se tenha mantido uma maioria clara de 7 votos a favor da manutenção dos juros, o número de decisores defensores do corte subiu de um para dois.

Nas projeções do BoE para a evolução da taxa de juros aponta-se, agora, para 4,5% no segundo trimestre do próximo ano e 4% no segundo trimestre de 2026. Uma taxa de 3,7% é esperada entre abril e junho de 2027. Recorde-se que, em dezembro de 2022, os juros do BoE estavam em 3,5%, quando a inflação na economia britânica estava em 10,5%.

O BoE reconhece, assim, que há um longo caminho de descida até que o custo do dinheiro regresse ao nível do final de 2022. Esta caminhada é, agora, considerada ainda mais longa do que nas projeções anteriores avançadas em fevereiro: 3,7% no segundo trimestre de 2025 e 3,3% entre abril e junho de 2026.

O relatório da reunião desta quinta-feira refere que entre os participantes na última consulta aos especialistas do mercado ouvidos pelo BoE a expetativa é que haja uma redução de 75 pontos-base (0,75 pontos percentuais) até final do ano, o que apontaria para três cortes de juros e uma descida da taxa para 4,5% no final do ano.

O BoE iniciou o ciclo de subida dos juros para enfrentar o surto inflacionista em dezembro de 2021 e terminou-o em agosto de 2023. O ciclo de aperto monetário no Reino Unido iniciou-se sete meses antes do início de cortes pelo BCE (julho de 2022) e terminou um mês antes da paragem pela equipa de Christine Lagarde (setembro de 2023).

No período de aperto monetário, os britânicos subiram a taxa diretora de 0,1% para 5,25%, enquanto o BCE aumentou a taxa principal de refinanciamento de zero para 4,5%. O aumento acumulado pelo BoE foi de 515 pontos-base (5,15 pontos percentuais), enquanto o do BCE foi menos severo, de 450 pontos-base (4,5 pontos percentuais).

A inflação na zona euro desceu para 2,4% em março e abril, enquanto no Reino Unido registava-se 3,2% em março.

Suécia e Suíça foram os primeiros a cortar juros

Nas economias desenvolvidas, os primeiros bancos centrais a inverter o ciclo de subida dos juros foram o Banco Nacional Suíço, em março passado, e, na terça-feira, o Sveriges Riksbank, o banco central sueco.

Ambos cortaram nas taxas 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual), com o suíço a descer os juros para 1,5% – o segundo mais baixo nas economias desenvolvidas, depois do Banco do Japão – e o sueco a cortar para 3,75%. Enquanto, o banco helvético prevê deixar a taxa em 1,5% até final do ano, o banco sueco aponta para mais dois cortes até final do ano.

Segundo o mercado de futuros, este começo de onda de corte nos juros nas economias desenvolvidas deverá ser seguido pelo Banco Central Europeu já a 6 de junho, pelo Banco de Inglaterra em agosto e pela Reserva Federal norte-americana (Fed) em setembro.

Em maio, nas 11 reuniões de bancos centrais já realizadas, seis decidiram não mexer nos juros – entre eles os da Austrália, Estados Unidos, Islândia e Noruega nas economias desenvolvidas. E cinco optaram por cortar juros, com destaque para a Suécia e Brasil.

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