A Corticeira Amorim fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro de 16,1 milhões de euros, o que representa uma quebra de 32,4% em termos homólogos, informou o grupo esta quinta-feira, na apresentação dos resultados à CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

No mesmo período, as vendas consolidadas tiveram uma quebra de 9,7%, para os 234,7 milhões de euros.

“Os primeiros três meses do ano foram afetados por condições de mercado desfavoráveis”, comenta o presidente da empresa, António Rios de Amorim, no comunicado de apresentação dos resultados.

O gestor refere um contexto marcado por “efeitos negativos da desalavancagem operacional”, “contração de volumes” nos setores onde opera e “aumento de preços de consumo da cortiça”. Do lado da empresa, diz, os esforços “concentraram-se em aumentar a eficiência industrial, melhorar o ‘mix’ e ganhar quota de mercado”.

Pressão sobre vendas em todas as unidades

“No segmento de pavimentos, face à ausência de sinais encorajadores do mercado europeu, tornou-se inevitável a implementação, no curto prazo, de um plano de otimização industrial que visa reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência da Amorim Cork Flooring”, adianta a empresa.

De acordo com a informação da corticeira, todas as unidades de negócio (UN) registaram pressão sobre as vendas, exceto a Amorim Cork Composites, com um crescimento para os 27,5 milhões de euros (+0,6% face ao período homólogo). “As vendas da Amorim Cork (-10,4% face ao período homólogo), que representaram 77% das vendas consolidadas, foram penalizadas pela redução dos volumes, transversal a todos os segmentos, ainda que tenham beneficiado de melhorias do misturar de produto e da implementação de subida de preços”, afirma a empresa.

Nos números que refletem o desempenho da empresa, o comunicado refere, ainda, um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) consolidado de 43,7 milhões de euros, abaixo dos 47,9 milhões registados um ano antes, devido ao consumo de matérias-primas adquiridas a preços mais elevados e aos efeitos negativos da desalavancagem operacional.

A marcar os resultados, o grupo aponta ainda a inclusão de custos não recorrentes da implementação no curto prazo do plano de otimização industrial na Amorim Cork Flooring (4 milhões de euros), “bem como o aumento dos encargos financeiros em consequência do aumento das taxas de juro e do maior nível de endividamento”.

A dívida remunerada líquida baixou, no final de março, para 236,7 milhões de euros (240,8 milhões em dezembro último), apesar do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (25,7 milhões de euros) e do aumento do investimento em ativo fixo (12,4 milhões).

Plano de otimização

Sobre o plano de otimização industrial da Amorim Cork Flooring, o grupo refere que sob a influência do “contexto económico que afeta o setor da construção e intensificação da concorrência de produtores asiáticos, o mercado de pavimentos na Europa enfrentou reduções de vendas de 14% em 2022 e de cerca de 20% em 2023, registando perdas significativas que têm levado os grandes jogadoras do sector a implementar medidas para redução de custos”. “Este contexto desfavorável penalizou também a atividade e os resultados da Amorim Cork Flooring, que, nos últimos anos, tem apresentado prejuízos, que se agravaram nos primeiros meses de 2024”, adianta.

“Considerando o exigente contexto macroeconómico, a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring, foi decidido iniciar um processo de reestruturação desta unidade de negócio que implica, numa primeira fase, o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial”, refere ainda a empresa.

Quanto ao futuro, a nota é de confiança de que “os investimentos realizados nos últimos anos permitirão continuar a disponibilizar produtos e soluções inovadoras, conquistar novos mercados e clientes, protegendo os níveis de rentabilidade e reforçando a solidez financeira”.

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