Deputada afirmou que democracia depende do respeito às regras, mas que seu partido levou em conta boa relação com governo federal e que outras siglas já haviam acionado o Judiciário

Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contrariou a legislação eleitoral ao pedir voto para o também pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) durante o ato das centrais sindicais no feriado de 1º de Maio. Ela afirmou, no entanto, que o PSB decidiu não acionar a Justiça porque é base de apoio ao governo Lula e que outros partidos já haviam apresentado ações contra o presidente.

É a primeira vez que Tabata se posiciona sobre o episódio. Com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB) no palanque, Lula disse aos sindicalistas que ninguém derrotará Boulos se eles votarem no pré-candidato do PSOL e ainda fez um apelo para os eleitores dele em pleitos passados, dizendo que eles “têm que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”.

“Existem regras eleitorais que devem ser seguidas e a democracia depende do respeito a essas regras. Existe um entendimento… existe um entendimento não, existe uma lei que deixa muito claro que você não pode pedir voto nesse momento. É por isso que tem um processo que está acontecendo e os envolvidos terão que se justificar perante a Justiça”, disse Tabata em entrevista ao site Poder360 na quarta-feira, 8.



SÃO PAULO, SP, 04/04/2024- A deputada Tabata Amaral participa do ato de filiação do apresentador José Luiz Datena ao PSDB.

Foto: Fábio Vieira/Estadão / Estadão

A declaração de Lula levou o MDB do prefeito Ricardo Nunes e os pré-candidatos Marina Helena (Novo) e Kim Kataguiri (União) a acionarem a Justiça. O discurso do presidente foi transmitido no canal Gov no Youtube, gerenciado pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e pelas próprias redes do petista. Após a polêmica, o vídeo foi excluído e houve uma decisão judicial determinando que o conteúdo fosse retirado do ar.

Segundo Tabata, a decisão de não entrar na Justiça foi tomada pelo PSB “como um todo”. Ela busca se apresentar como a terceira via alternativa à polarização entre Lula e Boulos, de um lado, e Nunes e Jair Bolsonaro (PL) do outro. Porém, embora não poupe os pré-candidatos adversários, a deputada tem evitado criticar o presidente da República. A reticência foi uma das discordâncias com a equipe do marqueteiro Pablo Nobel, que deixou a pré-campanha em abril.

“A gente integra a base do governo hoje e como já havia uma ação transcorrendo e a nossa seria apenas apensada, foi tomada uma decisão visando essa boa relação nacional de não entrar nesse caso específico”, afirmou.

A parlamentar acrescentou que em todos os outros casos em que não havia uma ação ou que não impactavam diretamente o governo federal, o PSB foi um dos primeiros a acionar a Justiça. Ela deu como exemplo a publicação feita por Boulos nas redes sociais que excluiu o percentual de votos dela ao informar o resultado de uma pesquisa eleitoral em suas redes sociais

Dias após a fala de Lula, Boulos saiu em defesa do presidente ao afirmar que ele apenas manifestou seu “desejo de voto”, o que não é segredo para ninguém pois o chefe do Executivo federal deixa clara sua preferência por ele. “”O presidente Lula fez uma fala no evento das centrais sindicais, não era um evento oficial do governo federal, expressando o desejo de voto dele, o posicionamento político dele nas eleições que não é segredo para nenhum de vocês”, justificou Boulos.

O evento contou com patrocínio da Petrobras e do Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria), além de recursos captados via Lei Rouanet.

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