Quando Forças da natureza tem início, o palco está completamente vazio. Será também assim com muitas outras peças, é certo. Haverá em muitos outros casos esta intensa e poderosa ideia, que se anuncia de imediato, de tudo ser possível. Mais tarde, ao escutarmos um dos artistas reconhecer que “há algo de muito atraente na ideia do vazio”, reforça-se a convicção de que, para a coreógrafa Ivana Müller, “o vazio tem um enorme potencial”. Sobretudo porque a dimensão utópica da criadora (nascida em Zagreb, formada em dança em Amesterdão e a viver em Paris) se alimenta da energia de novos princípios. Em Forças da naturezaesse vazio inicial dura pouco, mas é o espaço do qual emergirá uma construção colectiva e ao qual o palco será, no fim, devolvido. Como uma miragem, um sonho, uma sugestão de caminho que só acontece se, de facto, alguém – cada um de nós, e não os outros (sempre os outros) – o assumir.

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