Houve tempos, não tão longínquos, em que o Parlamento discutia causas. A liberdade foi uma das primeiras, quando havia quem se opusesse (o PCP) a que no hemiciclo se discutisse a política do dia a dia, durante o PREC. A questão do PAOD (Período Antes da Ordem do Dia) foi alvo de debates inflamados. Na Constituinte, que o PS tinha ganho, com o PSD em segundo, deixando ao PCP, que dominava as ruas, não mais de cerca de 12%, foi preciso discutir se os deputados só podiam abordar temas da elaboração da Constituição (espartilhada por um acordo MFA/Partidos) ou se podiam igualmente debater nacionalizações, saneamentos, ameaças, descolonizações e manifestações, que eram o pão nosso de cada dia. Ganhou o bom senso do PS, PSD e CDS. Mais tarde, outros casos importantes foram alvo de debates quentes: a invasão russa do Afeganistão, em 1979, e o subsequente boicote russo aos Jogos Olímpicos, que seriam em Moscovo, em 1980; a invasão de Granada pelos EUA, em 1983; as intervenções do FMI.
