O embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, morreu na sexta-feira na cidade da Praia, vítima de um enfarte cardíaco fulminante, disse fonte diplomática à Lusa. Tinha 52 anos.
O embaixador sentiu-se mal ao chegar a casa, pouco antes das 20h (eram cerca de 22h em Lisboa), após uma caminhada. Apesar das manobras de reanimação, chegou já sem vida ao Hospital Agostinho Neto, na capital cabo-verdiana, para onde foi transportado de ambulância, referiu fonte daquela unidade de saúde.
Durante o dia, no exercício das suas funções, o diplomata participou em actividades públicas no centro histórico da Praia e na Escola Portuguesa de Cabo Verde.
Diversos membros do Governo cabo-verdiano, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, acompanharam durante a noite a equipa da embaixada portuguesa em Cabo Verde, no hospital. Entretanto, decorrem os procedimentos para o repatriamento do corpo do embaixador para Portugal.
Paulo Jorge Lopes Lourenço nasceu a 10 de Março de 1972 em Angola. Era diplomata de carreira desde 1995 e desempenhou funções nas embaixadas de Portugal em Luanda, Londres, Sarajevo e Belgrado. Entre 2012 e 2018, foi cônsul-geral em São Paulo.
Entre Fevereiro de 2020 e até ser nomeado embaixador em Cabo Verde, em Dezembro de 2022, chefiou a Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional, funções nas quais negociou o novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde para o período 2022 a 2026.
Cabo Verde expressa “profunda tristeza” pela morte
O Governo de Cabo Verde expressou este sábado as condolências pela morte do embaixador de Portugal no arquipélago.
“Foi com profunda tristeza que o Governo de Cabo Verde tomou conhecimento da morte do embaixador de Portugal em Cabo Verde”, função que desempenhou “com elevado sentido de Estado, sempre atento e disponível para cooperar, para o fortalecimento das relações entre Cabo Verde e Portugal, a todo os níveis”, lê-se numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“Neste momento de dor e consternação, o Governo de Cabo Verde endereça ao Governo e ao povo de Portugal e em particular aos familiares do malogrado as suas mais profundas condolências”, concluiu.
O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, também lamentou “uma enorme perda”. “Um homem culto, vigoroso e inovador” que “estava a pôr novos e importantes pilares nas excelentes relações entre Cabo Verde e Portugal”, deixando “saudades e um vazio impreenchível”, escreveu o chefe de Estado na sua página pessoal na rede social Facebook.
“Ficamos, todos nós, infinitamente mais pobres”, referiu José Maria Neves, grato “pelo seu irrepreensível legado” e expressando “sentidos pêsames a Portugal, aos familiares e aos amigos”.
Juntamente com a mensagem, o chefe de Estado publicou uma fotografia de ambos no dia da apresentação das cartas credenciais do diplomata, na cidade do Mindelo, a 28 de Fevereiro de 2023.
“Diplomata exemplar”
Também o Governo português manifestou “profundo pesar” pela morte de Paulo Lourenço, destacando tratar-se de um “diplomata exemplar”.
Numa mensagem na rede social Instagram, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, destacou Paulo Lourenço, em funções desde Dezembro de 2022 em Cabo Verde, onde “granjeou enorme reconhecimento, prestígio e simpatia”.
“Com profundo pesar, apresento, em nome do Governo português e em meu nome, sentidas condolências à família do embaixador Paulo Lourenço. Diplomata exemplar, ontem [sexta-feira] falecido em Cabo Verde, aí granjeou enorme reconhecimento, prestígio e simpatia, que pessoalmente pude testemunhar”, lê-se na nota de pesar.
Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista e amiga de Paulo Lourenço, deixou uma mensagem de condolências nas redes sociais, acompanhada por fotografias de ambos. “Nós amamos palavras. Foi assim que começou a nossa amizade cheia de amor”, recordou a socialista portuguesa.
Paulo Lourenço era amigo de Nuno Moreira, irmão de Isabel Moreira e dirigente do CDS, que morreu em 2020 aos 47 anos, na sequência de um enfarte. Mas a amizade entre o diplomata e a deputada floresceu quando trabalharam juntos há mais de 15 anos: “A nossa cumplicidade foi super cola três. O humor pode ser amor”, contou, destacando também o apoio que Paulo Lourenço foi para ela aquando da morte de Nuno Moreira.
“Um amigo incondicional. Um humor contínuo. Sem par. Sem filtros. Uma posse sem título. O melhor amigo que tenho. Que tive. Até ontem, quando cheguei a Berlim e tocar o telefone. E me dizerem. Assim. O Paulo morreu. Então, de uma vez por todas, também morri”, lê-se na mensagem.