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Ataque israelita a tendas de deslocados em Rafah causa pelo menos 45 mortos, Netanyahu fala em “incidente trágico”: o 234.º dia de guerra

Um ataque aéreo israelita provocou um incêndio que matou 45 pessoas num acampamento de tendas na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza. Segundo os sobreviventesas famílias estavam a preparar-se para dormir quando o ataque atingiu a zona de Tel Al-Sultan, onde milhares de pessoas estavam abrigadas depois de as forças israelitas terem iniciado uma ofensiva terrestre no leste de Rafah, há mais de duas semanas. Mais de metade dos mortos são mulheres, crianças e idosos, segundo as autoridades de saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, e o número de mortos poderá ainda aumentar devido às queimaduras graves.

O primeiro-ministro israelita classificou a situação como “um incidente trágico”. “Em Rafah, retirámos um milhão de habitantes que não estavam envolvidos e, apesar de todos os nossos esforços, ontem [domingo] ocorreu um incidente trágico. Estamos a investigar o que aconteceu e vamos tirar conclusões”, disse Benjamin Netanyahu ao Parlamento israelita.

O porta-voz do Governo israelita prometeu uma investigação sobre o sucedido. “Vamos investigar o assunto. Foi realmente sério. Qualquer perda de vidas, de vidas civis, é algo sério e terrível”, declarou Avi Hyman em conferência de imprensa, insistindo que Israel continua a tentar “limitar as perdas civis”.

O enviado das Nações Unidas para o Médio Oriente, Tor Wennesland, exigiu a Israel uma investigação “completa e transparente” e a adoção de “medidas imediatas para proteger melhor os civis”. “Israel tem o direito de perseguir o Hamas, e compreendemos que este ataque matou dois terroristas de topo do Hamas, responsáveis por ataques contra civis israelitas. Mas, como temos sido claros, Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis”, reagiu um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

O chefe do serviço humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU), Martin Griffiths, advertiu Israel de que “tal impunidade não pode continuar”, apontando que muitas mulheres e crianças terão sido “queimadas vivas”. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou estar “horrorizado”. “As imagens do campo são horríveis e não apontam para qualquer mudança aparente nos métodos e meios de guerra utilizados por Israel, que já causaram tantas mortes de civis”, referiu Volker Türk.

O ataque foi amplamente condenado pela comunidade internacional, nomeadamente pelo Parlamento da Liga Árabe, a Jordânia e o Egito. A Turquia prometeu que fará “tudo o que for possível” para responsabilizar o primeiro-ministro israelita e outras autoridades do país. O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou-se “indignado” e condenou a ausência de “zonas seguras” para os civis.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ Pelo menos 135 camiões carregados apenas com alimentos entraram na Faixa de Gaza vindos do Egito, através do posto fronteiriço de Kerem Shalom, indicaram fontes do Crescente Vermelho egípcio. Segundo a organização, é o segundo carregamento de centenas de toneladas de alimentos que, pelo segundo dia consecutivo, entram no corredor que conduz a Kerem Shalom a partir do território egípcio, onde são inspecionados por Israel antes de entrarem no enclave palestiniano.

⇒ O chefe da diplomacia europeia defendeu ser necessário assegurar o cumprimento das decisões do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que Israel rebateu, continuando a invasão ao enclave palestiniano. É preciso “respeitar o trabalho” do TIJ e deixar a instituição “decidir sem intimidações”, disse Josep Borrell, que considera que “não foi o que aconteceu” e acrescenta ser “um dilema” para a comunidade internacional “arranjar uma maneira de fazer valer as decisões” do tribunal. Em Bruxelas, após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Borrell anunciou que será pedida uma reunião com Israel para abordar o desrespeito pelos direitos humanos na intervenção militar na Faixa de Gaza.

Rafa

Guerra no Médio Oriente

⇒ O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China afirmou que os problemas no Médio Oriente “devem ser resolvidos pelos países e povos da região” através do “diálogo”. Deng Li sublinhou que a China “sempre esteve envolvida nos esforços para promover a paz na região” e rejeitou a ideia de que o país asiático, que aumentou o envolvimento diplomático na zona nos últimos anos, esteja a tirar partido de “um vazio deixado pelos Estados Unidos” no Médio Oriente.

⇒ O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, garantiu que a morte do Presidente, Ebrahim Raisi, “não irá alterar” a posição do país face à causa palestiniana e à luta contra Israel, nem comprometerá os esforços para obter o fim das sanções impostas pelos Estados Unidos.

⇒ O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita ordenou que o consulado espanhol em Jerusalém encerre os serviços a palestinianos a partir de 1 de junho, em resposta ao reconhecimento do Estado da Palestina por Madrid. A partir dessa data, o consulado espanhol em Jerusalém estará “autorizado a prestar serviços consulares apenas aos residentes na circunscrição consular de Jerusalém, e não estará autorizado a realizar serviços consulares para residentes da Autoridade Palestiniana”, lê-se num comunicado.

Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez

Violeta Santos Moura/Reuters

⇒ O primeiro-ministro israelita pediu à polícia que investigue os atos de violência contra judeus ultraortodoxos durante o feriado religioso Lag Ba’Omer, no sábado. Os incidentes ocorreram quando os judeus ultraortodoxos tentavam deslocar-se ao Monte Meron, no norte de Israel, para celebrar o feriado religioso, apesar das proibições que tinham sido estabelecidas pelas autoridades.

⇒ Portugal, Grécia e Dinamarca propuseram um “apoio sistemático” à Autoridade Palestiniana para “reforçar a sua capacidade institucional”, mas o reconhecimento do Estado da Palestina não está incluído, de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel.

⇒ O Hezbollah anunciou ter disparado “dezenas” de foguetes contra duas localidades no norte de Israel, em resposta aos bombardeamentos com drones que mataram uma pessoa e feriram várias outras em frente a um hospital no sul do Líbano. As autoridades israelitas anunciaram que, como resultado, vários incêndios deflagraram na cidade de Kiryat Shmona, no norte do país, e noutras cidades dos arredores.

⇒ O exército israelita anunciou que está a investigar um incidente envolvendo tiroteios nesta segunda-feira na fronteira entre Gaza e o Egito, que resultou na morte de um guarda de fronteira.

⇒ O Governo de Israel aprovou um plano de 1600 milhões de euros para reabilitar as comunidades do norte do país, onde cerca de 60 mil residentes foram retirados devido à troca de ofensivas com o Hezbollah.

⇒ O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, indicou que “o número de vítimas da agressão israelita aumentou para 36.050 mártires e 81.026 feridos desde 7 de outubro”, incluindo 66 mortos e 383 feridos em “sete massacres” cometidos pelo exército israelita nas últimas 24 horas.

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