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A visita a Portugal do Presidente da Ucrânia que, segundo Putin, não o é (o 824.º dia de guerra)

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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, passou a tarde do 824.º dia de guerra em Portugal, tendo sido recebido pelo seu homólogo, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro Luís Montenegro. A visita de Zelensky ficou marcada, tal como o Expresso noticiou esta segunda-feira, pela assinatura de um acordo bilateral com “horizonte de dez anos”.

Portugal vai prestar ajuda à Ucrânia no valor de 126 milhões de euros em 2024, que inclui doação e treino para o uso de F-16. Além do apoio financeiro e militar anunciado pelo Governo, durante a visita de Zelensky, Montenegro anunciou que o Presidente da República portuguesa e o ministro dos Negócios Estrangeiros vão representar Portugal na cimeira da pazmarcada para os dias 15 e 16 de junho, na Suíça.

O acordo é, para o primeiro-ministro português, “muito abrangente e transversal”, reforçando que Portugal irá manter um “compromisso inabalável durante a vigência deste acordo”. Também o tema da adesão da Ucrânia à União Europeia foi mencionado, com Montenegro a realçar que a diplomacia portuguesa apoia “as aspirações da Ucrânia na adesão da UE e da NATO”.

Marcelo Rebelo de Sousa e Luis Abinader, esta terça-feira em Belém

ANTONIO COTRIM/Lusa

Depois de se ouvir Luís Montenegro, foi a vez do Presidente da Ucrânia falar, agradecendo o “acolhimento caloroso” aos refugiados. “Todas as nações que respeitam a vida não podem fazer outra coisa senão oporem-se à agressão russa”, disse o líder da Ucrânia.

Sobre o documento assinado, Zelensky refere estar confiante de que “o documento vai funcionar”. “Todos os países que assinaram esses acordos bilaterais juntaram-se ao G7 e por isso não tenho dúvidas sobre os acordos. Alguns acordos já estão a começar a entrar em vigor, por exemplo com França e Dinamarca. Eu acho que quando os líderes assinam um acordo bilateral eles são o espelho desse país”, disse.

O Presidente ucraniano acrescentou que “todos os acordos sobre segurança mostram que a solidariedade dos nossos aliados não são palavras, são ajudas concretas”. “É muito importante que as narrativas russas não sejam adoptadas e por isso não nos podemos cansar da guerra. Apesar do acordo não ser vinculativo, o primeiro-ministro prometeu um “compromisso a 100%”.

Portugal em negociações com os PALOP sobre apoio à Ucrânia

O primeiro-ministro realçou que Portugal mantém um esforço diplomático em prol da Ucrânia, estando em negociações com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Vários países, como é o caso de São Tomé e Príncipe e Angola, têm assinado novos acordos de colaboração com a Rússia.

“Portugal tem sido um interveniente empenhado em todos os fóruns onde temos essa capacidade, na UE, na NATO, nas Nações Unidas e nos países com quem temos relações de afeto, diplomáticas mais intensas. Os países que falam português são, naturalmente, aqueles que pertencem a este último grupo. E conversei com o Presidente Zelensky sobre tudo que temos feito em Portugal para, em diálogo com esses países, os podermos mobilizar para a ajuda à Ucrânia, seja do ponto de vista político, seja no futuro do processo de recuperação e reconstrução da Ucrânia”.

Zelensky janta com Marcelo Rebelo de Sousa

Depois de ter falado com a comunidade ucraniana, em São Bento, Volodymyr Zelensky seguiu para o Palácio de Belém, onde foi recebido numa cerimónia oficial de boas-vindas com honras militares. O Presidente da Ucrânia assinou o Livro de Honra do Palácio de Belém. De seguida, Zelensky e Marcelo estiveram juntos num encontro à porta-fechada.

A primeira visita de Zelensky desde a invasão russa na Ucrânia, foi encerrada com um jantar de trabalho. Neste estiveram presentes o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e a vice-presidente da Assembleia da República Teresa Morais, informou a Presidência da República Portuguesa.

Putin alega que Zelensky já não é Presidente

No mesmo dia em que Zelensky esteve em Portugal, o Presidente russo, Vladimir Putin, referiu que, citando a Constituição ucraniana, que Volodymyr Zelensky deixou de ser Presidente da Ucrânia a 20 de maio. “A Constituição ucraniana prevê a extensão dos poderes, mas apenas da Rada [Parlamento]e não diz nada sobre a extensão dos poderes do Presidente”, disse Putin no final de uma visita ao Uzbequistão.

Putin reconheceu que a lei ucraniana proíbe a realização de eleições presidenciais enquanto estiver em vigor a lei marcial, mas disse que isso não significa que as funções do atual chefe de Estado sejam automaticamente alargadas. “A Constituição [da Ucrânia] não diz nada sobre isso”, acrescentou.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ Antes de chegar a Portugal, Zelensky esteve em Bruxelas para também assumir um acordo bilateral de segurança com a Bélgica. A Bélgica vai atribuir um pacote de ajuda militar no valor de pelo menos 977 milhões de euros à Ucrânia no decorrer deste ano, anunciou o chefe do Governo de Kiev,na rede social X. Sobre este acordo, Zelensky realçou que “pela primeira vez, um acordo deste tipo especifica o número exato de caças F-16 – 30 – que serão entregues à Ucrânia”.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com o primeiro-ministro belga Alexander De Croo, junto de um caça F-16, no mesmo dia em que se encontraram com instrutores de treino na base aérea de Melsbroek, na Bélgica

Piroschka Van De Wouw

Guerra na Ucrânia

⇒ Tal como aconteceu nesta segunda-feira, o segundo dia de campanha eleitoral ficou marcado pela presença de Zelensky em Portugal:

  • A cabeça de lista do PS, Marta Temido, defendeu que devem ser feitos os ajustamentos necessários para a adesão da Ucrânia, destacando que outros países os fizeram aquando da entrada de Portugal, em 1986. “É muito importante que a União Europeia continue a ter sobre o tema Ucrânia a disponibilidade para a resposta emergencial, que é aquela que temos tido, mas também o empenhamento, o compromisso com aquilo que é a resposta estratégica”, que obrigará a uma distribuição diferente dos recursos disponíveis.
  • O “número um” da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, admitiu que Portugal “tem pouco para oferecer a nível militar” à Ucrânia, mas “tem muito para dar” em termos diplomáticos e políticos. Cotrim de Figueiredo, que falava à entrada para um almoço de campanha em Lisboa, disse que a visita de Zelensky é uma “excelente ocasião” para os vários partidos políticos clarificarem a sua posição relativamente à Ucrânia.
  • Na véspera, no último ato do primeiro dia de campanha, o candidato da IL tinha acusado o Bloco de Esquerda de ser um “partido eurosonso” por apoiar a luta da Ucrânia, mas com condições. A cabeça de lista do BE, Catarina Martins, respondeu à crítica e acusou a Iniciativa Liberal de mentir sobre a posição bloquista quanto ao conflito na Ucrânia e de utilizar “estratagemas da extrema-direita” na campanha eleitoral.
  • Numa arruada em Olhão, Faro, o cabeça de lista do Chega, António Tânger Corrêa, defendeu que deve ser a Ucrânia e não a Rússia a definir “os contornos de um acordo de paz”. Nesta ação de campanha, falando aos jornalistas junto a um mercado de peixe, Tânger Corrêa defendeu também a necessidade de “alterar completamente o sistema de quotas” na pesca, “alterar o regime de capturas e um maior patrulhamento das águas” nacionais.
  • Em Sintra, o “número um” da CDU, João Oliveira, disse esperar que a visita de Zelensky permita ao Governo “clarificar e afirmar a sua disponibilidade” para uma solução diplomática que trave a guerra, questionando a dimensão armamentista do acordo de cooperação hoje assinado entre o Governo português e a Ucrânia.
  • A porta voz do PAN, Inês de Sousa Real, reiterou o apoio à Ucrânia, mas lamentou que o convite para receber o Presidente Volodymyr Zelensky “não tenha sido estendido a todas as forças políticas”. “Quando o PAN manifestou o seu apoio inequívoco à Ucrânia, fê-lo não só por razões humanitárias, porque respeitamos também a autodeterminação dos povos e porque repudiamos completamente a invasão da Rússia à Ucrânia”, sublinhou.

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu hoje a Europa das “graves consequências” se os países da NATO permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos em território russo. “Estes representantes dos países da NATO, especialmente na Europa, especialmente nos países pequenos, devem saber com o que estão a brincar”, afirmou Putin numa conferência de imprensa no final de uma visita ao Uzbequistão.

⇒ A Suécia decidiu suspender o envio de caças Gripen para Kiev, respondendo a um pedido dos países parceiros para dar prioridade à entrega de F-16 à Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa sueco. “Os outros países pediram-nos para esperar antes de doar o sistema Gripen”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Pål Jonson, numa mensagem enviada à agência France-Presse (AFP).

⇒ O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, saudou hoje os acordos bilaterais que países da União Europeia (UE), como Portugal, estão a assinar com a Ucrânia, vincando que Kiev “não precisa de palavras”, mas de “mais apoio” militar.

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