As guerras
Depois de ouvirmos os comentadores políticos e militares, e todos os opinadores acerca das guerras na Ucrânia e em Israel, como leigos, julgamos que a razão destes conflitos, mais parecendo serem reedições de holocaustos modernos, será a de que a Rússia pretende ser a dona do rio Dniepre que liga o Báltico ao mar Negro mas passando através da Ucrânia, para ter porta aberta marítima e muito mais barata para o Mediterrâneo, Canal de Suez, África-E e Ásia-Sul. Quanto a Israel, quer ser dona absoluta das terras da Palestina desde o Sinai até ao Mediterrâneo, sem quaisquer intrusos a importunar. O extermínio de populações e destruição de casas e bens são secundários para estes ditadores.
Duarte Dias da Silva, Foz do Arelho
Gaza arde, a Cisjordânia encolhe
Enquanto Gaza continua a ferro e fogo, vendo a sua população diminuir de forma desumana, a Cisjordânia encolhe sob este nome, enquanto cresce sob o nome bíblico de Judeia e Samaria, assistindo ao crescimento da população israelita.
Transparece cada vez com maior clareza o objectivo nuclear de Israel com a presente guerra: expandir o seu território. A aprovação crescente da instalação de novos colonatos na Cisjordânia e a expulsão de beduínos dos seus territórios ancestrais estão à vista de todos para comprovação do que fica dito.
Perguntar-se-á qual é a base jurídica deste processo: a segurança de Israel? Uma retaliação pela retenção de reféns israelitas em território palestiniano? Nada disso, mas algo cuja compreensão escapa aos não-iniciados: a crença, fundamentada na Bíblia, de que Deus teria outorgado este território ao seu povo eleito: o povo hebreu.
Diversos governos de países ocidentais assistem ao que se passa, como se não fosse nada com eles. Ou, no máximo, formulando votos pios de contenção a Israel, ao mesmo tempo que lhe fornecem armas. Entretanto, os extremistas desse país vão cumprindo pacientemente o seu velho sonho de ocupação exclusiva da Palestina histórica.
Luís Pardal, Lisboa
Amnésia histórica europeia
No termo da Primeira Guerra Mundial, a Sociedade das Nações esqueceu-se da possibilidade de uma Segunda Guerra Mundial, gerada pelo mau fim da primeira. A Guerra Fria acabou em 1990 e começou a guerra quente. Na Jugoslávia, de novo fragmentada. No Kosovo, subtraído pela invasão da NATO à Sérvia, em 1999. Na Líbia, bombardeada em 2011 pela NATO, até à sua divisão entre a Tripolitana e a Cirenaica. A guerra da Ucrânia deve ser analisada comparativamente, no contexto europeu e mundial. A guerra da Ucrânia foi espoletada após um golpe de Estado, em Fevereiro de 2014.
Surgiu daí a junção, por autodeterminação, da Crimeia à Rússia. Surgiu daí o separatismo da região do Donbass russófono e o início de uma guerra civil ucraniana. Falharam três tentativas sequenciais dos acordos de Minsk, para reconhecer federativamente as autonomias das regiões do Leste da Ucrânia. Volvidos oito anos a Rússia invadiu a Ucrânia, na fronteira leste (Donbass). Continuação da política por outros meios. Quais? E com que riscos?
José Manuel Jara, Lisboa
A ferro e fogo
Gaza continua a ferro e fogo perante a complacência da comunidade internacional. O campo de refugiados de Rafah foi alvo do poder de fogo norte-americano por mãos israelitas. Afinal, a Federação Russa foi alvo de múltiplas sanções pelos crimes na Ucrânia. E Israel vai ficar impune? Joe Biden dá uma no cravo e outra na ferradura. Criticar Israel e continuar a fornecer armamento mostra a irresponsabilidade de uma administração contestada por milhares de norte-americanos. As 14.000 crianças palestinianas não pesam na consciência de Joe Biden?
Ademar Costa, Póvoa de Varzim