Em mais um dia sem avanços significativos para um possível cessar-fogo na Faixa de Gaza, as Forças de Defesa de Israel (IDF) bombardearam esta sexta-feira a região central e o Sul do enclave avançaram mais um pouco na zona ocidental de Rafah. Pelo menos 28 palestinianos morreram em todo o território.
Residentes da cidade situada junto à fronteira com o Egipto dizem que os tanques israelitas se encontram agora no bairro de Al-Izba, junto à costa mediterrânica, e que os soldados das IDF tomaram alguns edifícios e terrenos mais elevados, de onde estão a disparar as suas metralhadoras, impedindo as pessoas de saírem de casa.
O jornal do Qatar Al-Araby Al-Jadeed diz mesmo que as IDF já alcançaram a costa e assumiram o “controlo operacional” de todo o corredor que se estende ao longo da fronteira entre Gaza e o Egipto.
As autoridades de saúde palestinianas informaram que duas pessoas morreram e várias ficaram feridas naquela zona de Rafah. Já no centro do enclave, pelo menos 15 pessoas morreram devido aos bombardeamentos das IDF.
O Hamas disse esta sexta-feira que as suas forças em Deir al-Balah, na região centro, bombardearam uma casa onde as IDF estavam barricadas, matando alguns e ferindo outros. Segundo o Hamas, foram vistos helicópteros a aterrar para retirar a unidade israelita atingida.
As IDF concentradas no centro de Gaza dizem que também mataram “dezenas” de combatentes do Hamas e que destruíram mais infra-estruturas do movimento islamista no campo de refugiados de Al-Bureij e na cidade vizinha de Deir al-Balah.
Em Khan Younis, um ataque aéreo israelita matou oito pessoas e feriu várias, incluindo crianças.
No Norte da Faixa de Gaza, três palestinianos foram mortos num outro ataque aéreo das IDF a contra um edifício escolar da Cidade de Gaza que albergava famílias deslocadas, segundo as equipas de salvamento.
Na quinta-feira, Israel atingiu um edifício da escola de Al-Nuseirat da UNRWA, da ONU, num ataque aéreo que diz ter tido como alvo cerca de 30 combatentes do Hamas que estariam no interior. Segundo o Hamas, pelo menos 40 pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças que estavam abrigadas na escola.
“É apenas mais um exemplo horrível do preço que os civis estão a pagar; que os homens, mulheres e crianças palestinianos que estão apenas a tentar sobreviver, que estão a ser forçados a deslocar-se numa espécie de círculo da morte à volta de Gaza, tentando encontrar segurança, estão a pagar”, lamentou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
As IDF responsabilizam o Hamas pelo elevado número de mortes de civis em Gaza, acusando o movimento islamista de actuar em bairros densamente povoados e utilizar escolas e hospitais como cobertura. As Nações Unidas, as organizações humanitárias e vários países acusam Israel de usar uma força desproporcionada na guerra.
O Hamas precipitou a guerra quando os seus combatentes atacaram o Sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, no dia 7 de Outubro do ano passado, matando cerca de 1200 pessoas e levando mais de 250 reféns para o enclave, de acordo com os dados israelitas.
A invasão e os bombardeamentos de Israel em Gaza desde então mataram pelo menos 36.731 pessoas, incluindo 77 nas últimas 24 horas, informou esta sexta-feira o Ministério da Saúde de Gaza. Receia-se que milhares de outras pessoas estejam enterradas sob os escombros, com a maioria dos 2,3 milhões de habitantes deslocados.
Nesta semana, mediadores do Qatar e do Egipto, apoiados pelos EUA, tentaram conciliar novamente as exigências que impedem o fim das hostilidades, a libertação dos reféns israelitas e dos palestinianos presos em Israel e a entrada livre de ajuda humanitária para Gaza. Mas fontes próximas das negociações dizem que ainda não há sinais de um avanço.
Esta sexta-feira, os EUA anunciaram que o cais flutuante construído ao largo de Gaza para contornar os bloqueios terrestres à entrada de ajuda humanitária no enclave, vai estar novamente operacional muito brevemente, depois de ter sido danificado pela ondulação.