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Filipe Almeida: “Fomos pioneiros a negociar com a Comissão Europeia um pacote para financiar inovação social”

Nos últimos sete anos, ao contactar com empreendedores sociais, Filipe Almeida, presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, uma iniciativa pública para apoiar a inovação social em Portugal, aprendeu a fazer uma receita para este setor.

Os ingredientes são simples: 100 gramas de inquietação (perante um problema social que preocupa e não tem solução), 200 gr. de imaginação (ter uma ideia criativa para o tentar resolver), 300 gr. de colaboração (encontrar os parceiros e as instituições certas para fazer o projeto a funcionar), e 400 gr. de motivação (formar a equipa excecional para resistir às dificuldades). Depois, polvilha-se com amor a gosto. O Portugal Inovação Social é o fermento que permite que o bolo cresça.

“Já cresceram muitos bolos!”, diz, orgulhoso. Com o financiamento europeu, com verbas do Portugal 2020 mobilizadas para desenvolver este ecossistema, “já aprovámos 698 bolos, desenvolvidos por 481 equipas de cozinha. Tudo isto a par com 848 fornecedores”, brinca, continuando com a comparação da receita de culinária. Atualmente, já estão no Portugal 2030.

O país transformou-se num dos ecossistemas mais dinâmicos do mundo. Tudo começou em 2014, quando o governo português negociava com a Comissão Europeia o pacote para os sete anos seguintes, como os outros Estados-membros.

Mas Portugal foi o único a negociar um programa “muito original” de política pública para promover inovação social. “Na altura foi uma opção relativamente excêntrica de um Estado-membro, mas hoje a Comissão Europeia tornou-o obrigatório para todos”. Com este passo foi criado um ecossistema dinâmico. “Este pioneirismo ainda hoje se mantém”, defende Filipe Almeida.

Se por um lado fomos pioneiros na questão da inovação social, por outro um país que está no pelotão da frente dos mais desenvolvidos tem ainda muito para fazer socialmente, afinal 36% dos pobres têm emprego e contrato de trabalho estável, mas não conseguem viver condignamente.

Filipe Almeida destaca ainda que existem em Portugal 152 mil crianças a viver atualmente em situação de extrema pobreza. “Só isto seria suficiente para não nos deixar dormir”, nota. Porém, a questão de existirem 183 idosos para cada 100 jovens é também na sua opinião outra questão que nos deveria tirar o sono, assim como o isolamento social e as doenças mentais. “Há muito por fazer, daí a importância da inovação social”, uma vez que esta tem como finalidade melhorar o modo como se vive em sociedade.

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Filipe Almeida falou ainda da ética e da responsabilidade das empresas e do que estas devem fazer para incluir inovação social nas suas estratégias. E admite que há sete anos tinha de bater de uma forma estridente e insistente à porta de todas as empresas a explicar-lhes o que era o investimento social para as mobilizar para o cofinanciamento de projetos de inovação social.

“Hoje já temos um ecossistema também empresarial a movimentar-se neste sentido”, diz. Quanto ao facto de as empresas poderem usar esta estratégia para ficarem bem na fotografia, diz que “ficar bem na fotografia só é errado se for para esconder ou disfarçar outros maus pecados”.

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