O ministro das Relações Exteriores, Dmitry Kuleba, reconheceu que Moscou acabaria tendo que se envolver nas negociações
Kiev quer Moscou na mesa de negociações quando a Ucrânia estiver em uma posição de negociação mais forte, disse o ministro das Relações Exteriores, Dmitry Kuleba, a jornalistas na “conferência de paz” da Ucrânia, organizada pela Suíça, no domingo.
Falando à imprensa na estância alpina de Burgenstock, no segundo dia do evento de dois dias, Kuleba reconheceu que ambos os lados do conflito terão de recorrer a negociações em algum momento para alcançar uma paz definitiva.
“A ideia é que a próxima cimeira seja o fim da guerra. E, claro, precisamos também do outro lado na mesa de negociações”, ele disse.
“É óbvio que ambos os lados são necessários para acabar com a guerra, o nosso trabalho é garantir que a Ucrânia esteja na posição mais forte nesse momento”, O principal diplomata de Kiev afirmou, acrescentando que a Ucrânia compreende “É perfeitamente certo que chegará o momento em que será necessário falar com a Rússia.”
A Rússia, que não foi formalmente convidada para o evento, descreveu a conferência como sem sentido, dada a relutância de Kiev e dos seus apoiantes ocidentais em considerar os termos de Moscovo. A cimeira baseou-se em grande parte na “fórmula de paz” de dez pontos proposta pelo líder ucraniano Vladimir Zelensky, que Moscovo rejeitou firmemente. O presidente russo, Vladimir Putin, expressou na sexta-feira os seus termos para um cessar-fogo, condições que Kiev e o Ocidente rejeitaram categoricamente.
Em declarações aos jornalistas, Kuleba observou que alguns países de fora da Europa e da América do Norte têm opiniões diferentes sobre o conflito. “Ontem houve vozes do Sul Global sobre compromissos difíceis que precisam de ser feitos. Esta não é a linguagem que ouvimos dos parceiros ocidentais”, ele admitiu.
![Conferência de Zelensky não é sobre paz – Kremlin](https://mf.b37mrtl.ru/files/2024.06/xxs/666da33a203027286369fb4d.jpg)
Dos 92 países representados na cimeira, apenas 78 deixaram as suas assinaturas no comunicado final, de acordo com a lista publicada no Departamento de Relações Exteriores da Suíça. Vários participantes argumentaram que a Rússia deveria ter estado presente na mesa de negociações.
Qualquer progresso significativo rumo à paz exigirá “Participação da Rússia,” assim como “compromisso difícil” entre as partes, disse o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, no evento. A Arábia Saudita não assinou o comunicado final.
Entretanto, Türkiye reiterou a sua disponibilidade para acolher conversações de paz, como fez na primavera de 2022, quando a Rússia e a Ucrânia não conseguiram chegar a um acordo. O Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, alertou que o conflito poderia escalar para além das fronteiras ucranianas e potencialmente desencadear um conflito global, envolvendo armas de destruição em massa. É por isso que “Plano de paz ucraniano,” bem como os termos recentemente reiterados pela Rússia, são “passos importantes” e um “Vislumbre de esperança” isso poderia acabar com o derramamento de sangue, disse Fidan.