O Conselho Europeu aprovou esta sexta-feira o início de negociações formais de adesão com a Ucrânia e a Moldova, o próximo passo na aproximação dos dois países ao bloco comunitário, ainda longe da adesão plena na União Europeia – apesar do processo mais acelerado que o costume.
O anúncio partiu da presidência rotativa da Bélgica do Conselho da União Europeia, depois de os ministros das Finanças da UE terem adotado, numa reunião no Luxemburgo, o quadro negocial para abrir formalmente as conversas com os Governos de Kiev e Chisinau.
As reuniões, no âmbito da Conferência Intergovernamental, começam dia 25 de junho. A convocatória da conferência já tinha sido acordada na semana passada pelos embaixadores dos diferentes países, e os encontros decorrerão poucos dias antes do final da presidência belga, que dará lugar à presidência da Hungria para o segundo semestre de 2024.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destacou o “passo histórico” no caminho do seu país rumo à comunidade europeia. “É importante que cada país e sociedade, que perdure os valores europeus e que procure a verdadeira força europeia, que se junte numa Europa unida”, apelou Zelensky, num vídeo divulgado na rede social X (antigo Twitter).
Já Maia Sandu publicou uma fotografia com a declaração que dá início às negociações e desejou “sucesso” aos embaixadores moldavos. “Tornarmo-nos num Estado-membro da UE é o nosso caminho para a paz, prosperidade e uma vida melhor para todos os cidadãos”, disse a primeira-ministra da Moldova – um país constantemente ameaçado pela Rússia, devido às tensões na região separatista da Transnístria.
O alargamento da União Europeia foi um tema de constante debate ao longo das eleições europeias, já que, além da Ucrânia, cuja candidatura surgiu durante a invasão russa, existem vários outros países candidatos. A Turquia é o caso mais famoso, estando à espera da adesão plena desde 1987. Seguem-se as candidaturas da Macedónia do Norte (2004), Montenegro (2008), Albânia (2009), Sérvia (2009), Bósnia e Herzegovina (2022, ao mesmo tempo que Ucrânia e Moldova) e Geórgia (2023).
Presidente da Rússia, Vladimir Putin
SERGÉI SAVOSTYANOV
Guerra na Ucrânia
Leia também
EUA autorizam mísseis de longo alcance para lá da frente de Kharkiv
Os militares ucranianos estão autorizados a usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar alvos dentro da Rússia, além das linhas de frente perto de Kharkiv, desde que em legítima defesa, indicou hoje o Pentágono.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, tem vindo a levantar as restrições sobre a forma como Kiev pode usar as munições fornecidas por Washington para defender a cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia, de uma barragem implacável de mísseis russos. Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, os Estados Unidos da América (EUA) mantiveram uma política de não permitir que a Ucrânia utilizasse as armas norte-americanas fornecidas para atingir alvos dentro da Rússia, receando uma escalada da guerra.
A Rússia tem disparado contra alvos ucranianos dentro da sua fronteira, tratando esta área como uma “zona segura”, disse Pat Ryder, secretário de imprensa do Departamento da Defesa norte-americano.
“À medida que vemos essas forças a conduzir esse tipo de operações do outro lado da fronteira, explicámos que a Ucrânia pode e tem o direito de ripostar para se defender”, declarou Ryder aos jornalistas.
A Casa Branca também anunciou na quinta-feira que está a acelerar a entrega de mísseis de defesa aérea à Ucrânia, redirecionando os envios que estavam planeados para outros países aliados. Os EUA já estavam a enviar para a Ucrânia um fluxo considerável de intercetadores para os seus sistemas de defesa aérea, incluindo as baterias de mísseis Patriot ou NASAMS.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse aos jornalistas que o envio é mais urgente, à medida que os militares russos aceleram os ataques com mísseis e drones contra cidades e infraestruturas antes do próximo inverno.
Espera-se que as remessas agora aceleradas incluam centenas de mísseis Patriot.
Destruição causada pelos ataques russos a uma escola de equitação em Mala Danylivka, uma povoação às portas de Kharkiv
Valentyn Ogirenko/Reuters
Guerra na Ucrânia
Leia também
Outras notícias
> A Rússia manifestou hoje o seu respeito pela decisão da Moldova de iniciar negociações de adesão com a União Europeia (UE) na próxima terça-feira, mas sem que implique “virar as costas” à Rússia e ao espaço pós-soviético. “O processo não é rápido, mas é um assunto soberano de cada Estado, incluindo a Moldova”, comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações aos media locais.
> Pelo menos duas pessoas morreram e outras três ficaram feridas num ataque russo à localidade de Selydove, a cerca de 14 quilómetros da linha da frente, na região de Donetsk. Segundo contaram as autoridades locais, citadas pelo The Guardian, uma bomba UMPB D-30 deixou estragos em cinco prédios e seis casas, todas elas pertencentes a civis.
> Por sua vez, as forças ucranianas alegaram esta sexta-feira que atingiram quatro refinarias de petróleo russas, centrais de telecomunicações e outros objetos militares, em território russo. “Veículos aéreos não-tripulados [drones] atacaram as refinarias de Afipsky, Ilsky, Krasnodar, and Astrakhan”, disse o exército da Ucrânia, numa publicação no Telegram.
> Um tribunal militar russo condenou a 20 anos de prisão um professor de desenho acusado de “alta traição” por enviar dinheiro para a Ucrânia e que alegou ter sido denunciado por colegas da sua escola. Daniil Kliouka, de 27 anos, vai cumprir cinco anos da pena “num centro de prisão preventiva” e os outros 15 “numa colónia de regime restrito”, revelou hoje fonte judicial à agência de notícias Ria Novosti, que falou sob a condição de anonimato.