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Primeiro debate em França mostra três blocos sem consensos, com imigração e segurança a gerar maior tensão

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A imigração e a segurança foram os temas que geraram maior tensão no primeiro debate na campanha das legislativas francesas, que mostrou os três principais blocos divididos em todas as temáticas e sem encontrarem qualquer consenso.

No primeiro debate desta campanha para as legislativas, transmitido no canal televisivo francês TF1, o candidato da União Nacional (Rassemblement National, em francês), Jordan Bardella, de extrema-direita, começou por apresentar-se como “o primeiro-ministro do poder de compra”.

Entre as medidas que defendeu, Bardella salientou que, caso se torne primeiro-ministro, uma das suas prioridades será reduzir o IVA da energia – tendo como principal objetivo reduzir o preço dos combustíveis – e, questionado sobre o facto de ter adiado a implementação de algumas medidas que propunha, como a redução do IVA sobre bens essenciais, disse que pretendia, antes, fazer uma auditoria às contas do Estado, salientando que se está numa situação de “quase falência”.

Esta justificação foi logo atacada por Manuel Bompard, representante da Nova Frente Popular (Nouveau Front Populaire, em francês) – coligação que une vários partidos de esquerda, como os socialistas, a França Insubmissa, os ecologistas ou os comunistas -, que acusou Bardella de estar a utilizar argumentos orçamentais para “abandonar medidas do seu programa”.

Em contraponto, o candidato de esquerda defendeu que é preciso controlar o preço da energia, dos combustíveis e de um cabaz de bens alimentares, além de aumentar o salário mínimo para 1.600 euros, o que foi criticado pelo atual primeiro-ministro e candidato da coligação Juntos (Ensemble, em francês) – que junta os partidos que apoiam a atual maioria governativa -, Gabriel Attal, que assumiu como prioridade baixar a fatura da eletricidade em 15% e prometeu “um pacote de aumento do poder de compra”.

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Michel Euler/POOL/AFP/Getty Images

“Poderia fazer como os meus concorrentes e prometer tudo aos franceses. Mas a diferença é que eu sou primeiro-ministro e não quero mentir”, afirmou.

Depois, os candidatos abordaram a questão das reformas, com Gabriel Attal a garantir que não irá revogar a reforma das pensões, que aumentou a idade da reforma para os 64 anos, e que foi motivo de muita contestação social em França antes de ser implementada, em 2023.

Em contraponto, tanto Bardella como Bompard assumiram como desígnio a revogação dessa reforma, apesar de discordarem sobre o modelo a implementar.

Bardella defendeu que a idade da reforma deve baixar para os 60 anos para quem começou a trabalhar antes dos 20, reconhecendo que, com a sua proposta, quem tenha iniciado a atividade profissional com 24 anos, só se poderia reformar aos 66 anos – mais do que o previsto no atual sistema.

Já o candidato da esquerda salientou que, com a proposta que defende, todos poderiam reformar-se aos 60 anos, apesar de admitir que quem, com essa idade, não tenha 40 anos de descontos, também não iria conseguir auferir do valor total da sua reforma.

Sobre a imigração, o candidato da União Nacional assumiu que quer acabar com a atribuição automática de nacionalidade a quem nasce em França, além querer “retomar o controlo da política de imigração” e impedir que os imigrantes por regularizar em França tenham acesso aos cuidados de saúde públicos do país.

“Quando os seus antepassados pessoais chegaram à França, acho que os seus antepassados políticos diziam precisamente a mesma coisa que está aqui a dizer hoje”, criticou Bompard, numa alusão às origens italianas e argelinas de Bardella, defendendo que, “em vez de denegrir” os imigrantes, o candidato de extrema-direita “deveria agradecer-lhes, porque têm empregos que os franceses não querem e contribuem para a economia”.

Ludovic Marin/REUTERS

Foi, no entanto, sobre a temática da segurança que o debate aqueceu mais, centrando-se em particular sobre uma proposta defendida pela União Nacional que prevê que os franceses que tenham dupla nacionalidade não possam aceder a certos empregos na função pública.

Bardella justificou esta medida questionando se há alguém que deseje que um cidadão franco russo controle uma central nuclear francesa, com Gabriel Attal a salientar que, no Parlamento Europeu, a União Nacional tem uma assessora franco russa que trabalha na Comissão de Assuntos Externos e tem acesso a dados sensíveis sobre a guerra na Ucrânia.

“Está a estigmatizar 3,5 milhões de franceses”, acusou Attal, antes de salientar que o propósito da medida não é impedir o acesso de cidadãos franco russos, mas antes de origens árabes. Bompard também criticou a medida, acusando Bardella de estar a “ferir milhões de franceses”.

No final, Bardella pediu aos eleitores que não se deixem “intimidar por quem instrumentaliza medos” e “virem a página”, uma expressão que também foi utilizada por Bompard, que apelou a que os franceses “virem a página do ‘macronismo’, sem que a França se estrague no racismo, o ódio dos outros e o cada um por si”. Já Attal defendeu que a França “tem um encontro marcado com os seus valores e o seu destino”, salientando que não pretende estigmatizar nem fazer com que os franceses “se virem uns contra os outros”.

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