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Galiza e Norte de Portugal querem que ligação ferroviária Lisboa-Porto-Vigo ganhe velocidade

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Lisboa e Madrid estão de acordo e, cimeira após cimeira, reafirmam a importância da ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Vigo. Mas o projeto tarda em entrar nos carris.

Esta terça-feira, numa cerimónia realizada na antiga alfândega de Valença, representantes da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal assinaram uma declaração ao estilo de uma reivindicação e de um lembrete.

“Há mais de dez anos que tanto os representantes da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal como as sucessivas Cimeiras Luso-Espanholas — reuniões anuais ao mais alto nível governamental português e espanhol — reconheceram a prioridade da nossa ligação”, realça o documento “Ligação de alta velocidade Galiza-Portugal: uma prioridade óbvia”.

O documento declara “apoio à ligação ferroviária de alta velocidade entre a Galiza e Lisboa”, que rotula de “infraestrutura prioritária e estratégica”.

Gustave Deghilage/Getty

As partes recordam que o compromisso foi renovado a 23 de maio passado, em Lisboa, num encontro entre o presidente da Xunta da Galiza e o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, onde ficou definido que 2032 seria o ano de entrada em serviço da infraestrutura.

E alertam para a necessidade de “um orçamento e de um calendário realista”, bem como de “um programa completo de ações, investimentos e etapas” para concretizar as ligações ferroviárias.

“Sabemos o tempo que é preciso para que estas obras se tornem uma realidade”, disse Alfonso Rueda, presidente da Xunta da Galiza, em declarações aos jornalistas. “Por isso digo que ainda temos tempo para essa data de 2032, mas já não podemos perder mais tempo”, acrescentou. “Se isto não começa a mexer, vai ser impossível.”

Assinaram a declaração Alfonso Rueda (à direita), presidente da Xunta da Galiza, e António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

DR

Enquanto a ligação do Eixo Atlântico não vê a luz do dia, Norte de Portugal e Galiza alertam para a degradação da opção atualmente existente: o Comboio Celta, que liga diariamente Porto e Vigo (160 km), através de uma linha eletrificada mas com uma automotora a diesel.

António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e, simultaneamente, presidente de turno da Eurorregião Galicia-Norte de Portugal, referiu que o material obsoleto do comboio “nem para museu serve”.

“Não é razoável face ao investimento que se fez, nomeadamente na eletrificação da linha, que continuemos com uma composição a diesel, mas, sobretudo, com um comboio que não é cómodo, que é lento e cujos horários disponíveis são muito reduzidos”, acrescentou.

Menos hora e meia de caminho

A alta velocidade permitiria encurtar a viagem que agora se faz em duas horas e meia para uma hora, no máximo. Enquanto não se concretiza, as condições de serviço do Celta “devem ser atualizadas com urgência”, defende a declaração assinada.

Isto pode ser resolvido com muito menos esforço”, acrescentou Alfonso Rueda. “Não é um argumento aceitável dizer que, como vamos ter uma grande infraestrutura dentro de oito anos, não vale a pena investir no Celta durante esse tempo. Isso também deve ser feito. E tenho a certeza que com um pequeno esforço económico, a rentabilidade seria muito elevada e o número de utilizadores que viajariam na Eurorregião de comboio aumentaria bastante.”

O Celta “é vítima de um círculo vicioso: o comboio não é melhorado porque não há passageiros, mas não há passageiros porque o comboio não é melhorado”, complementa António Cunha. “É muito difícil crer nesta lógica perversa, porque o metabolismo económico transfronteiriço é enorme.”

Estima-se que cerca de 15 mil pessoas atravessem diariamente a fronteira entre o norte de Portugal e a Galiza por razões laborais. E também é conhecido que o metabolismo turístico transfronteiriço está a aumentar significativamente, nomeadamente no contexto dos Caminhos de Santiago.”

Reuters

A declaração conjunta assinada diz que “os estudos realizados evidenciam um resultado inquestionável: o potencial de utilização e rentabilidade da linha Galiza-Portugal apresenta dados incontestáveis que, juntamente com os estreitos laços culturais existentes, constituem um capital valioso para alcançar progressos significativos na construção de projetos baseados na intercomunicabilidade”.

Uma promessa com mais de 20 anos

O presidente da CCDR-N recordou que este assunto foi colocado na agenda de Portugal e de Espanha na longínqua cimeira ibérica da Figueira da Foz, em 2003, estavam no poder Durão Barroso e José Maria Aznar. Desde então, sucessivos governos em Lisboa e Madrid têm permitido que o assunto se arraste o que se instale uma sensação de falta de vontade em levar o projeto avante.

Inversamente, sucessivas autoridades na Galiza e no norte de Portugal não deixam que o compromisso caia no esquecimento. “Levamos muitos anos à espera. É um compromisso muitas vezes adquirido e não cumprido. E desta vez tem que ser definitivo. É o que vimos dizer agora com este manifesto”, concluiu AIfonso Rueda.

“Ainda vamos a tempo da data de 2032, mas já não podemos perder tempo”, acrescentou o responsável espanhol. “Temos de os pressionar e dizer-lhes que o grande salto final tem de ser dado sem qualquer desculpa.”

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