Um narcotraficante de 52 anos que se suspeita pertencer à máfia dos Balcãs foi detido esta semana pela Polícia Judiciária. Morava no Parque das Nações, em Lisboa, e era procurado internacionalmente pela Interpol, pendendo sobre Karim Bouyakhrichan vários mandados de captura pelo crime de homicídio.
Membro de uma célula da chamada Mocro Máfia, Karim, que é de origem marroquina mas possui nacionalidade albanesa, tem sido responsabilizado pelas ameaças de morte feitas à casa real dos Países Baixos, e à sua herdeira, a princesa Catharina-Amalia, que acabou por se mudar para Espanha.
E era precisamente nesse país que se encontrava o suspeito antes de rumar a Portugal. Detido em Janeiro na cidade espanhola de Marbella, acabou por ser libertado, alegadamente por engano, pela justiça espanhola, que o queria julgar por branqueamento de capitais naquele país, depois de ali ter comprado 172 propriedades. A fortuna de Karim Bouyakhrichan, que tem como alcunha Taxi, permitiu-lhe abrir contas bancárias em vários pontos do mundo, proventos de um império que construiu com o irmão Samir, também conhecido por Scarface e assassinado em 2014.
Nesta operação policial da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Judiciária, que actuou em cooperação com as autoridades dos Países Baixos, foi detido um segundo homem de 48 anos que residia no mesmo apartamento e tinha dupla nacionalidade, brasileira e holandesa. Ambos pertencerão a um grupo de crime organizado que se dedicava a introduzir cocaína nos Países Baixos, mas que também praticava raptos.
“Esta operação foi realizada simultaneamente nos dois países e permitiu desmantelar a infra-estrutura do grupo de crime organizado indiciado por tráfico de droga, participação em organização criminosa, rapto, tomada de reféns e sequestro”, refere esta polícia em comunicado.
Tanto quanto sabem os investigadores até ao momento, nenhum destes crimes foi praticado em solo nacional: os suspeitos refugiavam-se em Portugal mas cometiam os delitos fora do país, nomeadamente nos Países Baixos, muito embora o apartamento do Parque das Nações funcionasse como um dos centros de operações do grupo criminoso, que chegava a roubar estupefacientes a associações congéneres.
“A organização praticou vários crimes violentos que visaram tomar posse da droga através do uso da força e com recurso a armas de guerra”, como metralhadoras, descreve a Judiciária. “Dado o seu grande potencial económico, os seus membros dispunham de fortes medidas de segurança e auto-protecção, nomeadamente de meios avançados de transmissão de informação, tanto a nível individual como o utilizado no uso de contra-medidas policiais”.
No âmbito da chamada operação Labirintoexplica a mesma nota de imprensa, foram realizadas duas buscas das quais resultou a apreensão de milhares de euros, vários veículos topo de gama, bens de luxo, como vestuário de marca, sistemas de comunicações e diverso equipamento informático.
Uma reportagem publicada pela agência noticiosa Reuters em Maio passado dava conta das características do cartel ou mafia dos Balcãs, designação genérica de vários grupos ligados à criminalidade organizada criados nesta região. Será pelas suas mãos que entra na Europa a maior parte da cocaína que aqui chega, vinda da América do Sul.
“Trabalham em pequenas células altamente móveis, secretas e capazes de transportar cargas surpreendentemente grandes de cocaína, segundo autoridades antidrogas”, descreve esse trabalho.