Nos últimos 15 anos, o Partido Socialista de Coimbra colecionou casos das piores práticas de caciquismocom arregimentação de militantes em massa, pagamento indevido de quotas por atacado, fichas falsas, investigações judiciais e multas aplicadas a dirigentes socialistas para não irem a julgamento. Alguns foram suspensos e outros saíram. Passada uma dúzia de anos sobre a última polémica, aquela Federação do PS volta a estar envolvida no caso de alegadas falsificações ou irregularidades. Daniel Antão, vice-presidente daquela federação distrital do PS, está a ser acusado por outros membros da direção de ter aprovado sozinho centenas de fichas de militantescom dados falsificados, aprovadas em reuniões que nunca aconteceram. Com eleições para as concelhias socialistas marcadas para esta sábado, o caso está no Conselho de Jurisdição do PS e foi já feita uma participação dos factos ao Ministério Público.
Nas vésperas de eleições internas, nos grandes partidos aumenta sempre a pressão para haver um aumento no número de militantes com a engorda de “sacos e votos” a favor de dirigentes locais, sobretudo quando se aproximam autárquicas. Neste caso, estão em causa sobretudo as concelhias de Condeixa-a-Nova, Soure e Coimbra. O secretariado da federação de Coimbra disse-se “surpreendido” com a entrada de 234 fichas de inscrição de novos militantes na sede nacionalcom datas de aprovação pelo secretariado em dias em que não houve qualquer reunião daquele órgão (6 e 12 de dezembro ou 25 de fevereiro, por exemplo), segundo a participação disciplinar apresentada pela distrital ao Conselho Nacional de Jurisdição (o tribunal interno do partido). Se estas fichas dizem respeito a Condeixa, há outro caso de cerca de 800 fichas em Soure, também com alegados problemas, incluindo certidões passadas indevidamente pela Junta de Freguesia. Segundo a queixa, haverá também 21 fichas de militantes em Coimbra a ser apreciadas, que não foram sujeitas a deliberação do secretariado.
