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Dulce Maria Cardoso (parte 1): “Não percebemos que cinco séculos desta ideia esquizofrénica de uma terra de Minho a Timor deixou marcas”

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Dulce Maria Cardoso é autora de 5 romances que lhe valeram inúmeros prémios como “O Chão dos Pardais”, “Os meus sentimentos” ou “Campo de Sangue”.

O livro “O Retorno” é uma das suas obras mais elogiadas, que acompanha um adolescente cuja família regressa a Portugal após a descolonização, tal como aconteceu com a escritora.

O seu último romance, “Eliete”, de 2018, tem sido outro caso sério de popularidade, aclamado pela crítica e pelos leitores, venceu o Prémio Oceanos em 2019 e foi finalista do Prémio Femina. Uma obra com um final em aberto, que faz parte de uma trilogia que aguarda o segundo volume.

Para quando a sequela de “Eliete”? Deve ser a pergunta mais repetida que Dulce escuta há 6 anos. Um projeto adiado pela pandemia e por outras razões pessoais que Dulce aqui explica neste podcast.

Até porque a personagem Eliete lhe entra nos sonhos a reclamar a vontade de aparecer rapidamente nos próximos volumes para se explicar e se cumprir. Mas não é a única personagem que a acompanha.

Pode ser Eliete como pode ser Violeta do livro “Os meus sentimentos”, ou o jovem Rui de “O Retorno” e tantas outras personagens que nunca mais saíram da cabeça da escritora.

Os romances de Dulce Maria Cardoso estão traduzidos em várias línguas e publicados em duas dezenas de países.

Autora das crónicas “Autobiografia não Autorizada”, na revista Visão, que resultaram em dois livros, Dulce afirma que as escreve num registo de autoficção, por achar que a melhor maneira de contar a verdade é inventar a melhor mentira que a sirva. Uma espécie de “falar a verdade a mentir“, como escreveu Almeida Garrett. Um jogo de máscaras que parece revelar mais do que esconde.

Há alguns temas que estão nos seus romances que são neste podcast trazidos à baila: a ferida colonial provocada pelo império português, que ainda está por curar, a sexualidade e o desejo das mulheres que anda demasiado na sombra, a solidão (tantas vezes acompanhada), o Tinder, os amores esmorecidos ou por inventar ou os novos herdeiros de Salazar que se sentem abandonados pelo sistema e anseiam por um pai tirano que lhes dê porrada, lhes retire a liberdade e lhes coma as vísceras, a começar pelo coração.

Depois do seu último romance, “Eliete”, em 2018, muita coisa aconteceu, e o mundo, na verdade, não parece o mesmo. Depois de atravessarmos uma pandemia, há uma série de crises que têm aumentado: a crise dos refugiados, a crise climática, a crise das democracias e o crescimento da extrema direita. É este o novo normal? Qual o poder da literatura para sairmos do pensamento estagnado, movediço, a exalar pântano? Dulce responde.

Matilde Fieschi

A Beleza das Pequenas Coisas

Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Nuno Fox. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.

A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!

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