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Regular, medir e monitorizar para cumprir metas

O segundo dia de trabalho na cimeira Digital With Purpose (DWP) abriu com o tema da educação, considerada uma ferramenta fundamental para a igualdade de oportunidades e para a inclusão, mas também de preparação dos mais jovens para o mundo real. Nas palavras dos participantes no primeiro debate da manhã, eles serão os líderes do futuro, a quem será entregue um planeta repleto de desafios e é preciso que estejam preparados.

Mas, para transformar a educação, a digitalização é essencial, quer para democratizar o acesso ao conhecimento, como para repensar os modelos educativos. No entanto, para fazer esta transformação acelerada pela pandemia de Covid-19, ainda é preciso trabalhar as bases. Em 2020, “os professores não tinham as competências certas para ensinar no digital”, afirmou Willem Schoors. Para o gerente de projeto da EmpowerEDuma plataforma de ensino que visa ajudar os estudantes a atingir o seu potencial“tudo começa com os professores que têm de ter as formações certas antes de começar a ensinar”.

Além disso, é preciso alterar os modelos de ensino tradicionais, como defendeu António Câmara. “Reduzir o que é o ensino institucional e torná-lo algo mais contemporâneo, com projetos criativos, com iniciativas que acompanham as capacidades de aprendizagem. O ensino tem de ser confiável ao nível instrucional, mas tem que ser inspirador e ao mesmo tempo prático”, salientou o professor na Nova School of Science and Technology. “Quando falamos de recursos como energia renovável, mobilidade sustentável, etc, temos de ter em conta as competências que vão ser precisas desenvolver”, acrescentou Roland Jan Meijer. Na perspetiva do secretário-geral da Globe EU, plataforma que tem como missão discutir propostas políticas da Comissão Europeia e coordenar a ação política entre legisladores com ideias semelhantes no Parlamento Europeu e a nível dos Estados-Membros, falta colaboração entre indústria e universidades, “para que as escolas possam perceber o que as empresas precisam”. Aquele responsável acredita que a comissão europeia pode facilitar uma discussão entre universidades e indústria sobre as necessidades e o entendimento necessário sobre o tema.

Sem sustentabilidade não há negócio

“A sustentabilidade está a tornar-se a única forma de avançar, já não é só um chavão”. As palavras são de Nizar Kammourie, CEO do SAWACO Water Group, que alerta que as empresas e os negócios não serão apoiados por investidores e stakeholders se não forem sustentáveis. “O grande desafio é integrar a sustentabilidade no negócio, até porque a curto-prazo vai custar muito dinheiro, mas depois colhem-se as recompensas”, reforçou.

Mudar mentalidades nas organizações, implementar mudanças na gestão e quebrar silos são ingredientes fundamentais para incluir a sustentabilidade na estratégia das empresas. “Há claramente um negócio na sustentabilidade e temos de mostrar isso às empresas”, sublinha Radoslaw Kedzia, vice-presidente senior da Huawei para a Europa.

Mas a sustentabilidade tem que estar igualmente na base da construção de cidades inteligentes e eficientes. “As cidades são problema e solução na questão da transição energética”, exemplifica Jane Cohen, Senior Program Manager na International Energy Agency que destaca a importância de pensar a digitalização e o papel das cidades na transição energética e climática. “Conseguimos entre 30 e 50% de poupanças em energia com a automação nas cidades”, complementa Doug Arent. Contudo, para o diretor executivo de parcerias estratégicas no National Renewable Energy Laboratory, a transformação e digitalização das zonas urbanas deve ter sempre as pessoas no centro, envolvendo-as através de processos inclusivos.

Para que a sociedade faça uma transição justa e faseada é preciso financiamento para que as empresas possam igualmente seguir este rumo, mas também uma regulação simples. “Não é possível gerir mais regulação”, defendeu Ana Cláudia Coelho. A partner da consultora PwC dá o exemplo da quantidade de regras da taxonomia europeia, que obriga as empresas a reportar as suas atividades na sustentabilidade. “As empresas perdem o foco e não conseguem avançar com a transformação”. Já para Alice Khouri, Head of Legal na Helexia e fundadora da Women in ESG Portugal, “não é preciso mais regulação após a taxonomia, mas uma melhor gestão para extrair conceitos para uma governança comum”.

Outras conclusões do segundo dia:

  • Há uma maior necessidade por dados de qualidade para suportar a digitalização das cidades, e de que todos os sistemas estejam interconectados. Isto será muito importante para que tudo funcione.
  • A inteligência artificial, em conjunto com outras soluções digitais, e o financiamento permitirão termos uma melhor qualidade de vida e descarbonizar a sociedade.
  • Os aspetos regulatórios são complicados e é preciso que os legisladores tentem simplificar.
  • Todos se comprometem em reduzir emissões, mas a verdade é que emissões continuam a aumentar todos os anos, a nível global. Há alguma coisa errada aqui.
  • É preciso implementar mais dados que ajudem a ler as métricas e a monitorizar como estamos a cumprir os objetivos de transição climática.
  • Meta de reduzir 50% as espécies invasoras – animais, plantas e outros microrganismos – só pode ser atingida com deteção, monitorização e envolvimento de toda a sociedade. Estas invasões estão a interagir com outros problemas climáticos como os fogos selvagens, e os riscos estão a aumentar.
  • Maior parte dos ecossistemas de biodiversidade são públicos, mas sector privado deve apoiar a sua recuperação e manutenção. Coordenação global é chave para o sucesso.
  • O maior problema da biodiversidade atual é político e financeiro.

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