O presidente Biden disse em uma entrevista com Lester Holt, da NBC, na segunda-feira que foi um “erro” dizer, antes da tentativa de assassinato do ex-presidente Trump no fim de semana, que era “hora de colocar Trump no alvo”.
No entanto, Biden disse que ele apenas quis dizer que o foco da nação deveria estar em Trump e na “ameaça à democracia” que ele representa. Ele também disse que Trump se envolveu repetidamente em uma retórica pior — inclusive “tirando sarro” e “brincando” sobre o violento ataque ao marido da deputada Nancy Pelosi, Paul, em sua casa em São Francisco em 2022.
“Eu não disse mira. Eu estava falando sobre foco em”, disse Biden sobre sua observação.
“Foque no que ele está fazendo, foque em suas políticas, foque no número de mentiras que ele contou no debate. Quer dizer, há uma série de coisas”, disse Biden. “Olha, eu não sou o cara que disse que queria ser um ditador no primeiro dia, eu não sou o cara que se recusou a aceitar o resultado da eleição.”
“Você não pode amar seu país somente quando vence”, disse Biden. “E então o foco estava no que ele estava dizendo.”
Holt perguntou a Biden se ele havia feito “uma pequena autoanálise” sobre coisas que ele disse que poderiam “incitar pessoas desequilibradas”.
“Como você fala sobre a ameaça à democracia, que é real, quando um presidente diz coisas como ele diz? Você simplesmente não diz nada porque pode incitar alguém?” Biden disse.
“Olha, eu… não me envolvi nessa retórica. Agora, meu oponente se envolveu nessa retórica. Ele fala sobre haver um banho de sangue se ele perder, falando sobre como ele vai perdoar todos aqueles — na verdade, eu acho que suspender as sentenças de — todos aqueles que foram presos e sentenciados a ir para a cadeia por causa do que aconteceu no Capitólio” em 6 de janeiro.
Ele perguntou a Holt se ele se lembrava de quando Trump zombou do ataque a Pelosi.
A entrevista estava programada para ir ao ar na íntegra na segunda-feira à noite. Holt a descreveu como a primeira em um “cenário sem roteiro” desde a tentativa de assassinato de Trump em um comício de campanha na Pensilvânia no sábado.
A entrevista atraiu alguma atenção política para Biden no primeiro dia da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, onde Trump recebeu formalmente a indicação do partido.
Biden falou anteriormente sobre o ataque a Trump em comentários no final do sábado, poucas horas depois de Trump ser baleado, quando disse que “todos devem condenar” a violência política. No domingo, ele fez um discurso nacional no horário nobre do Salão Oval, onde novamente condenou a violência e pediu a todos, em meio a paixões intensas, que “se acalmassem”.
Sua campanha retirou anúncios de ataque contra Trump após o tiroteio. Ainda assim, críticos da direita se agarraram à retórica de campanha anterior denunciando Trump, incluindo o comentário “bullseye”, para sugerir que Biden e os democratas de forma mais ampla foram parcialmente culpados pelo tiroteio.
Biden disse a Holt que não sabia se o tiroteio havia mudado a trajetória da corrida.
A entrevista de segunda-feira, que foi agendada antes da tentativa de assassinato, também foi a última chance de Biden demonstrar competência após seu desempenho desastroso no debate do mês passado, que levantou preocupações, inclusive dentro de seu próprio partido, sobre sua idade e sua capacidade de liderança.
Biden tem 81 anos. Trump tem 78.
Biden disse a Holt que perguntas sobre sua idade eram compreensíveis, mas que ele é “apenas três anos mais velho que Trump” e que sua “acuidade mental tem sido muito boa”. Ele insistiu novamente que não desistirá da disputa.
“Consegui fazer mais do que qualquer presidente conseguiu em muito tempo, em 3 anos e meio”, disse Biden, de acordo com um história inicial da NBC sobre a entrevista. “Estou disposto a ser julgado por isso.”
Biden tem estado sob um microscópio intenso desde o debate de 27 de junho, onde ele repetidamente perdeu o fio da meada e falhou em desafiar os pontos de discussão e falsidades de Trump. Ele soou rouco e saiu rígido, e a performance aumentou as preocupações existentes de muitos sobre sua idade.
Biden rejeitou os apelos para que ele se retirasse nos dias seguintes, dizendo que ele pode não ser mais um “jovem”, mas ainda sabe fazer bem o seu trabalho.
Biden deu uma entrevista a George Stephanopoulos, da ABC, em 5 de julho, onde ele descartou seu desempenho no debate como um “episódio ruim” e rejeitou a ideia de que ele tinha qualquer condição de saúde séria que pudesse prejudicar sua capacidade de fazer o trabalho. Ele também rejeitou a ideia de se submeter a uma avaliação médica independente, dizendo que o trabalho da presidência o presenteava com um “teste cognitivo todos os dias” — que ele disse estar passando enquanto também está na trilha da campanha.
Em 11 de julho, Biden deu uma entrevista coletiva de quase uma hora, onde respondeu a uma série de perguntas da mídia, incluindo sobre política externa. Lá, ele soou desafiador e se gabou de seu histórico de aprovação de leis.
Ele se autodenominou a “pessoa mais qualificada para concorrer à presidência” e disse que derrotaria Trump em novembro. “Eu o venci uma vez e o vencerei novamente.”
