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Cartas ao director | Opinião

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Ensino: regresso ao futuro?

Para quem frequentou o liceu na década de 1960, esta discussão sobre ensino digital e o uso de telemóveis na escola parece no mínimo ridícula e, no limite, um sinal da falta de sensatez e lucidez que tem caracterizado o actual ensino em diversos países. Seriam precisos tantos estudos para se concluir que a atracção do ecrã leva não só à desatenção mas também à incapacidade de concentração, idealização e memorização, sem as quais não pode existir aprendizagem? E que a leitura dum livro em papel é seguramente mais profunda e duradoura, dando espaço à imaginação e ideação? Assim como é mais importante saber escrever e expor um raciocínio e não apenas afirmar-se por testes de múltipla escolha?

Felizmente em alguns países já se proíbe o telemóvel na escola e se está a abolir o ensino digital e regressar à escrita em papel. E por cá, como vai ser? Recomendações apenas?

Por outro lado, as despesas em material escolar são absurdas e em parte escusadas; porque não voltar ao livro de texto, que pode ser reutilizado por outros, escrevendo-se apenas no caderno? Havia coisas erradas no ensino desse tempo, mas também muitas boas práticas que seria bom recuperar.

Isabel Ribeiro, Lisboa

Assino…

… aqui, já que não o posso fazer como “personalidade”. Refiro-me à carta aberta em que mais de 250 pessoas pedem ao Governo que “cumpra a obrigação de regulamentar a eutanásia”. Como já o tenho expressado, a lei exige-o e a ética também. Basta de “rodriguinhos”, desculpas “esfarrapadas” e pressões de “voz doce” que chegam a dizer que “o assunto foi parcamente discutido e até eivado de secretismo”, como foi o caso de Rui Valério, cardeal patriarca de Lisboa. Que lhe responda o CNECV (Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida) com “a dúzia” de sessões que organizou por todo o país, com painéis variados e livro editado. As “manobras” dilatórias” do Presidente da República”, o “moralismo” da Ordem dos Médicos, o “esquecimento” do Governo do PS ficaram para trás. Agora é só regulamentar aquilo que está aprovado… antes que “ganhe pó” na gaveta onde o meteram e não querem retirar.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Os intocáveis

A audição na AR da procuradora-geral da República veio confirmar o pior: o Ministério Público (MP) considera-se acima de qualquer crítica. Escutas durante anos, segredo de justiça usado como arma de arremesso e de forma cirúrgica contra figuras públicas, prisões preventivas que violam flagrantemente a lei e depois se esboroam perante juízes de instrução, afinal, segundo o MP, não passam de ninharias. Só o Chega apoiou a senhora procuradora, o que é sintomático.

Ficamos a saber que o DCIAP, a jóia da coroa do MP que trata dos processos mais mediáticos, é tão eficiente que 97% dos processos são arquivados, em muitos casos depois de destruírem na praça pública a reputação e carreira de muita gente. É cada vez mais gritante a falta de um organismo que escrutine com rigor este MP, que objectivamente tem servido os interesses da extrema-direita, que agora mais uma vez o protegeu. O Conselho Superior do Ministério Público, dominado pelos procuradores, não passa de moldura decorativa deste quadro negro.

Ou os deputados ganham coragem para reformar a Justiça, mesmo enfrentando o risco de terem um obscuro processo em que podem ser arguidos sem nem sequer terem sido ouvidos, como já tem acontecido, ou cada vez será mais difícil encontrar quem se dedique à causa pública.

O país está tolhido pela ameaça velada de gente que opera na sombra e detém um poder enorme que corrói o regime. Entretanto, os verdadeiros corruptos, que não falam ao telefone das suas negociatas, esfregam as mãos de contentes.

José Cavalheiro, Matosinhos

Falemos com verdade

Os diferentes problemas que assolam Portugal, seja na saúde, seja na educação ou noutras actividades públicas tão necessárias ao funcionamento igualitário e eficaz da prestação de serviços aos cidadãos, residem, quase na totalidade, nas baixas remunerações e na falta de perspectivas de carreiras oferecidas. O Estado tem que ser um dos melhores pagadores do mercado se quiser ter nos seus quadros os melhores profissionais em cada área. O Estado não pode abdicar de ser um concorrente forte no mercado de trabalho português, uma vez que não deverá nunca “oferecer” os seus melhores ao sector privado. Em Portugal, e como só raramente algo é planeado com a antecedência devida, os pequenos problemas vão-se acumulando indefinidamente até se transformarem num enorme problema de difícil solução. Porque terá de ser sempre assim?

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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